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Ônibus escolares são usados para desvios de 732 milhões do FNDE

O programa Caminho da Escola, financiado com recurso do FNDE, usado como porta para desvios de 732 milhões de reais no MEC. (Foto: EBC)

Quem ainda acredita que não há corrupção no governo de Bolsonaro deve ficar envergonhado com o que noticiou o jornal O Estado de São Paulo, em mais uma espetacular reportagem investigativa. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) anunciou uma licitação bilionária, marcada para próxima terça-feira, 5 de abril, para compra de ônibus escolares. De acordo com a reportagem, o órgão deve adquirir, por meio do pregão, 3.850 veículos como parte do programa Caminho da Escola. Só que os preços estão acima daqueles praticados no mercado. O valor total pode pular de R$ 1,3 bilhão para R$ 2,045 bilhões, com aumento de até 55% ou R$ 732 milhões. Essa inconsistência foi apresentada por instâncias de controle e da área técnica do fundo. 

Documentos obtidos pelo Estadão atestam que o governo aceita pagar até R$ 480 mil por um ônibus. No entanto, o setor técnico aponta que cada veículo deveria custar no máximo R$ 270,6 mil.  Os valores para a compra vêm de um programa que atende atende crianças da área rural. Os documentos mostram que o FNDE desconsiderou as orientações dos órgãos de controle e da área técnica.  O FNDE concentra a maior parte de recursos destinados a investimentos em educação. O fundo é presidido por Marcelo Ponte, que chegou ao cargo por indicação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, de quem foi chefe de gabinete. Agora está tudo explicado!

A reportagem do Estadão ainda aponta a atuação direta de um dos diretores do órgão, Garigham Amarante, na definição dos valores superestimados. Ele foi indicado para o cargo por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o jornal, em ao menos dois despachos, o diretor determina o prosseguimento do processo, com pequenos ajustes, mas mantendo os preços inflados, apesar dos alertas de sobrepreço. Agora sabemos que há um Centrão na coordenação do processo, retirando parte do pagamento pelo apoio a Jair Bolsonaro. 

Os 732 milhões dariam para construir cerca de 95 centros educacionais de ensino fundamental, com 9 salas de aula, quadra esportiva e demais dependências, como o que está previsto para chegar a Heliópolis. Também poderia comprar mais de 2 mil ônibus escolares. Esse é o preço da corrupção no Brasil. Ou se toma uma providência ou continuaremos sendo um país governado por quadrilhas.