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Carinhanha - Cidades do Velho Chico 22

Somos nós o problema!

Um grito uníssono de "Chega!" pode impedir o enraizamento da maldade. (Imagem: WordPress)

Putin? Hitler? Trump? Lenin? Fidel? Mao? Saddan? E quem foi que disse que estes homens foram problemas para nosso mundo? O problema somos nós! É fato que nunca ouvimos a voz da razão de um Cristo, ou de um Buda ou até mesmo de uma Madre Teresa de Calcutá. Parece que carregamos nas artérias o desejo perene do ódio ao outro, enquanto fingimos ouvir a música da harmônica convivência.

Se isso não fosse verdade, não haveria tantos adeptos de Putin, inclusive fora da Rússia. Aqui no Brasil foi feita uma enquete pela Rádio Jovem Pan sobre a Invasão da Ucrânia. Mais de 50% dos participantes defenderam o autocrata russo. Isso só pode ser instinto violento ou submissão cega a uma ideologia. E muitos se dizem cristãos! É provável até que, caso fosse feita uma enquete para saber quem tinha razão, se a senhora de 93 anos que protestou contra a guerra, e foi presa por isso, ou o ditador Vladmir Putin, os resultados seriam equilibrados.

Estamos o tempo todo flertando com o bem ou com o mal, guiados pelo ódio ou pela solidariedade ao próximo. Tem gente que quer viver bem, em harmonia, prolongando ao máximo sua vida e a do outro. Estes adoram cultura, ciência, conhecimento. Valorizam aqueles que somam, acrescentam, enriquecem a sociedade com ideias. Adoram riquezas, mas sem abrir mão da simplicidade e do convívio fraterno. Outros, são egoístas. Adoram a ideia de o ato de viver ser uma guerra e não pensam em outra coisa senão atacar. Sempre há um inimigo e todo cuidado é pouco!

O bem, exatamente por ser bem, vem perdendo terreno para os maus. O bem quer a pacificação com o diálogo, sem derramamento de sangue, com união para, na mesa, resolver as divergências e chegar a um bem comum. O mal quer sangue! Atira primeiro para negociar a rendição do inimigo e sua submissão. É o tal do “Você pensa com quem está falando?” e completa com o clássico “Asta la vista, Baby!”. Não é por acaso que os filmes violentos fazem muito sucesso. Verdade é que nós temos as duas tendências à disposição da nossa alma. A depender das nuances, nem sempre nítidas, vamos para um lado ou para o outro.

Como explicar um filósofo, defensor da harmonia entre os povos, em nome da negação do mal, apoiar uma candidatura de um corrupto, e ainda chamar o juiz que descobriu a corrupção de ladrão? Como imaginar um cientista apoiar um presidente que corta toda grana do orçamento dedicada à pesquisa científica? Como é possível um partido, defensor das minorias, silenciar ante a invasão russa na Ucrânia? Como um pastor cristão pode apoiar um presidente que, enquanto a pandemia toma conta do país, a chuva destrói cidades e mata pessoas, e parte do mundo está tentando parar uma guerra, ele consegue se divertir frequentando praias? Pior é saber que ainda há uma multidão aplaudindo tudo isso.

Somos nós, os bons, o problema. É que ainda não perdemos a paciência e continuamos acreditando que Deus, Cristo, Buda, Alá, os santos das religiões negras, Thor, Odim ou ainda o senhor Tempo serão capazes de semear nos corações dos tiranos, corruptos, usurpadores, autocratas, ditadores e afins a semente do bom e do bem. Acordemos! O instinto do animal é sempre se apoderar para nutrir-se do outro. Ele sempre sentira fome! Não há flores belas nos jardins de plantas nocivas. Ranquemos as ervas daninhas pela raiz!