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Poucas & Boas: O nepotismo nosso de cada dia e outras histórias

A primeira-dama, Nailde Rosário Dantas (em pé, de vestido branco), assume a pasta de Assistência Social. (Foto: WhatsApp)

Herança medieval

Não é de agora que o domínio político ou econômico se concentra em torno de famílias de linhagem superior. Desde que o poder nasceu, raramente passou para o andar de baixo da sociedade anônima. O poder passa de pai para filho ou parente mais próximo desde tempos imemoriais. A herança cultural do “você sabe com quem está falando?” é medieval. Nossa modernidade está cheia de republicanos, progressistas, modernistas, pós modernistas que, de olho no futuro, preparam os filhos para sucedê-los na direção do negócio, na carreira ou no cargo público, eletivo ou não.

Sebastianismo atual

Por outro lado, o povo continua repetindo os mesmos erros de outrora. Quando era vassalo, morria pelo senhor feudal para não ser vassalo de outro. Depois, com medo de ir aos infernos, devotava amor incondicional a um rei de quem ele mal ouvia falar. Quando Dom Sebastião morreu naquela louca batalha de Alcácer-Quibir, só porque o corpo havia desaparecido no deserto, as pessoas viravam noites rezando e jurando a sua volta para criação de um reino de pujança e fartura. Hoje fazem quase que o mesmo com os políticos, sejam eles corruptos, malucos, desalmados, assassinos ou cruéis. 

Primeira-Dama no escalão de cima

E reforçando o continuísmo político familiar, o prefeito José Mendonça Dantas nomeou sua esposa, Nailde Almeida Rosário Dantas, Secretária Municipal de Assistência Social, no lugar de Graziele Oliveira Santos. É nepotismo, mas não é uma ilegalidade. É bom lembrar que Fernando Henrique Cardoso e seu antecessor nomearam suas esposas para a mesma pasta a nível nacional. Aqui no município, temos o exemplo dos dois mandatos de Ildinho, que nomeou o filho Beto Fonseca para secretário de administração e finanças. A Justiça não vai incomodar nenhum prefeito, caso a nomeação de parente próximo se resuma a uma cadeira, mesmo que a pessoa nomeada não tenha as condições mínimas exigidas para o cargo. Claro, não é o caso de Nailde. Se ela quiser, e o marido deixar, fará um bom trabalho.

Nepotismo com mandato

E o nepotismo não se resume apenas à vontade de quem está no poder. O povo, inclusive, dá sua assinatura e oficializa o ativismo nepótico, desde que acompanhado de certas condições. Como foi possível Ricardo Maia eleger o filho prefeito de Tucano? Marcelinho Veiga seria hoje deputado federal sem o sogrão Marcelo Nilo? ACM Neto teria carreira política consagrada se não fosse seu avô? Gabriel Nunes receberia o apoio de Thiago Andrade se não fosse filho de José Nunes? Em Sergipe, o ex-presidente Lula quer eleger a filha, Laurian, deputada estadual. Alguém duvida que ela consiga? Alguém pode imaginar como se elegeram os Bolsonaros? Cada povo tem o nepotismo que merece.

Meu sobrinho, meu prefeito!

Em Poço Verde, seguindo a cartilha do velho Everaldo, o pai nosso de cada dia, o prefeito Iggor Oliveira já começa a pensar na sucessão. Claro, nepotismo é a opção nº1. Começam a pensar num sobrinho obediente, tentando esquecer o sobrinho de Toinho de Dorinha, que fez uma lambança na prefeitura e entregou, de bandeja, o ouro ao adversário. Os aliados do atual prefeito, como sempre, vão deixar o alcaide correr a trilha. Depois vão fazer as contas e saber se o caminho está pavimentado ou se tomarão um atalho. Nepotismo tradicional, meu pirão primeiro. 

Ana Dalva ainda não é Líder

A vereadora Ana Dalva ainda não se decidiu sobre aceitar ou não a liderança da oposição na Câmara Municipal de Heliópolis. Ela alega que não quer assumir um cargo por assumir. Trata-se de uma grande responsabilidade e a vereadora não quer que se repita o que aconteceu no governo de Walter Rosário, quando ela ficou só. Ninguém quer se comprometer quando se faz a coisa certa e, na hora de colher os frutos, todos querem um pedaço para si. Para Ana Dalva, um grupo é para o bem ou para o mal. Não é só se unir na hora da eleição. Precisa ser algo permanente. Ela continua esperando uma reunião para definir como se fará oposição na Câmara Municipal de Heliópolis. Caso não decidam, ela decidirá seu caminho.