Caminhamos este ano para elegermos o nosso mentiroso preferido ou eliminarmos as duas pontas de uma polarização entre dois falsos extremos. (Foto: O Antagonista)
Parece que o ano eleitoral de 2022 não será apenas uma briga de facções para se chegar ao poder, coisa que as pesquisas ainda revelam, já que a turma do nem Lula nem Bolsonaro parece esperar que o cavalo passe selado. Será um ano para revelar quem é o mais mentiroso político. Se levarmos em conta apenas aquilo que já pode ser comprovado, este será o ano onde a verdade parecerá algo que ainda não foi inventado.
Comecemos pelo presidente da República, aquele que jurou defender a Constituição e, por isso mesmo, deveria dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade. Logo de cara chegou a dizer que os dias passados em Santa Catarina não foram férias. Disse ainda que Ivete Sangalo promoveu aquele incomum “Bolsonaro vai tomar no c...” porque ela perdeu a mamata da Lei Rouanet. Todos sabem que a cantora baiana não tem projetos financiados por esta lei e ninguém elegeu Bolsonaro para ele dar expediente guiando moto aquática. Para justificar suas desgraças, Bolsonaro mente dia sim e no seguinte também.
Mas, se as pesquisas estiverem corretas, e nada mudar nestes longos dez meses, teremos no governo mais um potencial mentiroso. Bolsonaro pode perder o cargo e o título de maior presidente mentiroso da história do Brasil. Em artigo publicado por Guido Mantega, fruto da equipe econômica de Lula, não é feita nenhuma alusão à pior recessão na história brasileira como a acontecida nos dois últimos anos de governo de Dilma Rousseff. Querem apagar da história tudo de negativo que fizeram os petistas, com auxílio de vários outros partidos. Querem fazer entender que tudo foi culpa do governo Temer.
Até minha avó, repousando no seu túmulo, sabe que nossa recessão começou em 2014 e durou até o final de 2016. Dilma foi afastada da presidência com a abertura do processo de impeachment, em 12 de maio de 2016, e perdeu o cargo definitivamente em 31 de agosto do mesmo ano. Temer começou o governo dentro de uma crise insuportável. Assim como Lula esconde seus crimes de corrupção, quer também apagar da história que seu governo quebrou a Petrobrás, destruiu com nossa educação, promoveu o maior assalto aos cofres públicos que se tem notícia. Hoje só sabemos de tudo isso graças à Operação Lava Jato, odiada por todos aqueles que querem continuar com o mesmo esquema enraizado nas entranhas do serviço público.
O curto governo Temer tem seus pecados, eivados de perfumes da corrupção, mas não pode ser culpado pelos erros do PT. E até que, do ponto de vista econômico, promoveu uma maquiagem que fez o país respirar por um tempo. Para azar nosso, veio o Paulo Guedes, loroteiro da economia. O governo Bolsonaro é incompetente em todos os sentidos, mas não pode levar a culpa sozinho pelo inferno econômico em que vivemos. Por todas as outras desgraças Bolsonaro é culpado, inclusive pelas quase 620 mil mortes geradas pela Covid-19.
Num país como o nosso é difícil participar de uma campanha política sem ouvir mentiras. Um povo que lê pouco, e traz consigo uma herança cruel do sebastianismo, é fácil ser enganado. Além disso, os que estudam cometem sempre a desonestidade intelectual, propagando ideias de grupos políticos como se fossem verdades universais. Com a internet na moda, ficará sempre fácil encontrar um inocente útil ou um diplomado desonesto. A regra este ano parece ser uma só: você já escolheu o seu mentiroso preferido ou é da turma do Nem Lula nem Bolsonaro?