Sem a PEC 241\55 teríamos outra saída?
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Mascolo: governo ataca as despesas |
A necessidade do Brasil de
arrecadar mais do que gasta é um consenso entre os economistas. Mas ele
discordam sobre a melhor forma de fazê-lo. O teto de 20 anos é a melhor
escolha?
Para Mascolo, do Insper, sim. Ele
diz que já era hora de focar nos gastos do governo. Antes, a situação fiscal
era analisada pelo superávit primário (o quanto sobra nas contas para pagar os
juros da dívida). Quanto maior o resultado do superávit, melhor a situação
fiscal.
"Finalmente o governo
decidiu atacar as despesas. A receita fica em aberto, mas a premissa é que a
economia vai crescer e você vai arrecadar mais."
Outra opção à PEC, segundo a
professora Cristina de Mello, seria reduzir as despesas com juros, que em 2015
ficaram em R$ 367 bilhões. O número é o mais alto da série histórica da
Secretaria do Tesouro Nacional, iniciada em 2004.
Os juros são pagos para as
pessoas que compram títulos públicos, uma forma de investimento que serve para
o governo arrecadar dinheiro. Quando alguém compra um título, esse valor foi
para o governo. Em contrapartida, depois de um tempo, ele paga juros a essa
pessoa, o que representa o rendimento do papel.
"Esse gasto não está na PEC.
A Alemanha, por exemplo, tem uma dívida muito alta e o esforço que fizeram foi
diminuir as despesas com os juros, não com o bem-estar social."
Para Pedro Rossi, da Unicamp, o
aumento dos impostos seria uma forma de aumentar a arrecadação e melhorar as
contas. Ele diz que as grandes fortunas não são taxadas e, com a PEC, essa
discussão se perde. Rossi nega o argumento de que não haveria um clima
favorável para abordar a alta de impostos.
"Há um travamento do debate
de maneira autoritária. Você tem ambiente político para destruir gasto social,
mas não dá para rever carga tributária?"