Padre João defendeu a ampliação da Igreja Matriz (foto:Ana Lúcia) |
Na sessão da última segunda-feira (18), na parte dos
pronunciamentos da comunidade, usou a palavra o José Américo, conhecido mais
por Bigode da EBDA. Ele pediu ajuda para o que considerou um crime contra o
patrimônio histórico de Heliópolis. Segundo ele, a Igreja Matriz do Sagrado
Coração de Jesus data de 1911 e nenhuma alteração na sua estrutura deveria ser
feita porque é um patrimônio da comunidade que deveria ser preservado. Bigode
procurou o Landisvath Blog e disse que qualquer bem público com mais de 70 anos
é passível de tombamento e as obras de ampliação da igreja, comandadas pelo
padre João Maranduba, estavam irregulares.
Na quarta-feira (20), a repórter Ana Lúcia entrevistou
o padre João Maranduba na Casa Paroquial. Ele informou que a reforma da igreja
foi iniciada por questão de necessidade de mais espaço. Já como pároco da
paróquia de Heliópolis há seis anos, Padre João afirmou que a ideia foi dele.
Quando o bispo Dom Paulo Romeu visitou a cidade durante os festejos do Sagrado
Coração de Jesus, ele apresentou o projeto idealizado pelo seu sobrinho Aurélio
Gustavo Maranduba de Souza, que é arquiteto. O bispo gostou da ideia e
autorizou a ampliação. Primeiro será ampliado o lado direito, o da praça,
depois será a vez do lado da avenida Sete de setembro.
Quanto à irregularidade por se tratar de patrimônio
histórico, padre João disse que para ser considerado patrimônio histórico tem
que ser tombado pelo órgão competente. “Aqui não tem nenhuma coisa assim. Tem
que ir para fora para fazer esse tombamento. Então, aqui não tem com certeza
isso não.”, afirmou. O padre ainda fez questão de afirmar que tudo está
legalizado e não há nenhuma irregularidade. Além disso, a igreja será ampliada
sem mexer na parte já existente. E completou dizendo que “essas pessoas deviam
pelo menos ter a sensibilidade ou então educação de procurar os órgãos. Eles
deveriam procurar o responsável pelo patrimônio histórico para ver se tinha
alguma coisa, que arte tem aí e que idade tem essa igreja. Tem pessoas que fazem
as coisas... fazem por fazer e que não tem conhecimento nenhum.”
Bigode questionou a ampliação da Igreja (foto: Ana Lúcia) |
Para que não restem dúvidas, o tombamento pode ser
aplicado a bens móveis e imóveis de interesse cultural e/ou ambiental em várias
escalas interativas como a de um município, de um estado, de uma nação ou de interesse
mundial. Podem ser tombados fotografias, livros, acervos, mobiliários,
utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, bairros, cidades, regiões,
florestas, cascatas, entre outros. Somente é aplicado a bens de interesse para
a preservação da memória e referenciais coletivos,
O Tombamento pode ser feito pela União, através do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, pelo Governo
Estadual, através da Secretaria de Estado da Cultura, ou pelas administrações
municipais que dispuserem de leis específicas. Não há em Heliópolis nenhuma lei
aprovada neste sentido. O tombamento também pode ocorrer em escala mundial,
reconhecendo algo como Patrimônio da Humanidade, o que é feito pelo
ICOMOS/UNESCO.
A Constituição Federal, no Artigo 216, estabelece que
é função da União, do Estado e dos Municípios, com o apoio da comunidade,
preservar os bens culturais e naturais brasileiros, dando especial atenção aos
sítios arqueológicos. A abertura do processo de tombamento de um bem cultural
ou natural pode ser solicitado por qualquer cidadão, pelo proprietário, por uma
organização não governamental, por um representante de órgão público ou
privado, por um grupo de pessoas por meio de abaixo assinado e por iniciativa
da própria Coordenadoria do Patrimônio Cultural, caso exista no município. Heliópolis
ainda não tem nada disso.
Padre João explica que “as igrejas que são tombadas
pelo patrimônio histórico são igrejas muito antigas. Essa igreja já passou por
várias reformas.” Para o pároco, o que importa é que a comunidade aplaudiu. “As
pessoas que estão questionando são pessoas que não frequentam a igreja. Querem
criar problema, talvez por falta de conhecimento mesmo.”, concluiu.