A demissão da Secretária de
Assistência Social, Zélia Maranduba, pode ser um indicativo de que o prefeito
já pensa em reeleição.
Zélia Maranduba fora da SMAS |
Landisvalth Lima
O prefeito municipal de
Heliópolis, Ildefonso Andrade Fonseca, o Ildinho, parece já estar pensando em
2016. O primeiro passo já foi dado: Maria Zizélia Maranduba, ex-vereadora e
membro da executiva municipal do PT, foi demitida na última segunda-feira, o
que deve ser oficializado no Diário Oficial ainda hoje. Ao contrário do que
circulou no meio político, Zélia não pediu demissão. Chegou-se a falar que ela
teria sido obrigada a demitir auxiliares em cargos de comissão para enxugamento
da folha de pagamento e a secretária teria se negado. Em seguida pediu
demissão. Mas não foi isso. Na verdade, Ildinho já não estava contente com a
atuação de Antônio Jackson, esposo de Zélia.
Um dos principais nomes na
importante vitória de Ildinho em 2012, Antônio Jackson já apresentava sinais de
insatisfação com o prefeito. Para completar a situação, há queixas com relação
ao desempenho de Antônio Jackson na formatação do programa Minha Casa Minha
Vida. Há inclusive ações no Ministério Público. Para completar, o Programa das
Cisternas, também comandado por ele, foi implementado sem a participação do
prefeito. Como desgraça pouca é bobagem, o CMDS – Conselho Municipal de
Desenvolvimento Sustentável – gerou muita insatisfação com os vereadores da
situação que, segundo afirma o próprio José Clovis, não foram convidados para a
festa e nem escolheram o petista Zé Guerra para representá-los.
Tudo isso foi somando na paciência
do prefeito que, dizem, não estava gostando de ter um aliado, o próprio Antônio
Jackson, falando mal do alcaide nos quatro cantos do município. Inclusive
pessoas testemunharam discussões entre os dois sobre estes falatórios, mas
Jackson sempre negou tudo. Fato é que o PT perdeu sua melhor secretaria. Agora
resta a de agricultura, ocupada por Zé Guerra. Não seria surpresa também que
fosse demitido, já que formam um grupo só e não há sinais de que houve algum
rompimento entre eles. A outra secretaria do PT não é bem do partido. Renilson
Alves não assume a pasta pelo partido, mesmo estando filiado a ele. Seu filho é
vereador pelo PTN, o Zeic Andrade.
O problema maior é que Ildinho,
com o resultado da eleição, ganhou notoriedade com Wagner e com Rui Costa. O PT
municipal não tem nenhum mandato e votou nos candidatos de Ildinho. Não há deputados
estaduais ligados a eles. Estão isolados. Não conseguiram eleger Zé Guerra
vereador e perderam referência eleitoral, embora tenham sido importantes na
eleição do prefeito atual. O PDT, de Zé do Sertão, ao contrário, está
reforçado. Recebeu uma ajuda significativa do prefeito e transformou Marcelo
Nilo no mais votado daqui e deve manter suas duas secretarias – Educação e
Chefia de Gabinete – mesmo não tendo mandato na Câmara de Vereadores. Para
completar, Ildinho ainda foi ajudado pelo PCdoB, ou seja, pelos pardais.
O perigo da demissão de Zélia é
a união PT, PCdoB e DEM. Se a rebeldia de Valdelício continuar, pode surgir aí
uma Câmara marcadamente oposicionista. Por outro lado, o afastamento tira de Antônio
Jackson vários programas sociais. Serão dois anos longe de mecanismos que Zélia
e o marido sabem manejar muito bem para produzir votos. É aí que Ildinho poderá
recuperar terreno e superar os danos naturais de uma demissão como essa. Aí a
reeleição estará no papo, principalmente porque uma mosca disse que Gama Neves
não está nenhum pouquinho interessado em concorrer para prefeito. E ainda tem a
reforma política. Pode ser que todos os mandatos sejam prorrogados para 2018,
sem que os prefeitos tenham direito à reeleição. Aí, tudo muda!