Li no Bahia Notícias duas
postagens que me deixaram indignado. A primeira, do jornalista Fernando Duarte,
mostra quão dissimulado é o nosso governador. As coisas estão acontecendo
descaradamente nesta eleição, aos olhos da Justiça e de todos, e ninguém faz
nada. E isto não é coisa só desta eleição. O próprio governo faz das suas ao
negociar apoio em troca de cargos. Não é segredo para ninguém. O que me deixa
espantado é que a coisa está piorando. Como o candidato pupilo de Jaques Wagner
está perdendo a eleição, ele agora encontrou o que reclamar. Campo minado para
candidatos, o custo da campanha piorou de 2010 para 2014, na opinião do
governador do PT. Sem falar diretamente em compra de lideranças, Wagner
criticou o rumo das relações para apoio no interior do estado. “Eu nunca vi
nada igual ao que estou vendo esse ano. É como se tivesse banalizado que a
coisa funciona assim e ponto final. Eu não sei porque não estou na ponta, mas
todos os relatos que tenho são esses (compra de lideranças)”, relatou Wagner.
Segundo ele, o problema é o “só trabalho por dinheiro”. “Eu estou vendo gente
falando que está apertado que eu nunca vi. E estou vendo gente que não teve
esse hábito de ter a relação assim que diz: ‘eu vou cair fora’”, completou o
governador, citando, inclusive, o exemplo do presidente estadual do PSDB,
Sérgio Passos. “Se eu não mudar a máquina eleitoral partidária no Brasil, cada
ano sai pior. Está um negócio... Estou falando da relação [faz o gesto
referente a dinheiro], ela banalizou”, critica. E chegou a sugerir alteração no
calendário eleitoral: “Tem que acabar com esse negócio de dois em dois anos. Eu
acho que devia ser cinco, sem direito a reeleição, de vereador a presidente da
República”. Ótimo! E porque não fez isso nos oito anos de poder na Bahia? Por que
não fez isso nos 12 do PT no poder federal? Agora que o projeto está fadado ao
fracasso quer mudar? O Partido dos Trabalhadores é o principal responsável pela
desgraça em que estamos vivendo. Foram anos no poder para mudar a história do
país e não mudou coisa nenhuma. Nadaram da ponte ligando o nada ao lugar nenhum
e agora vão morrer na praia.
A segunda é da jornalista Rebeca
Menezes. Diz respeito ao Partido Popular, que sempre foi feudo familiar de
Leões e Negromontes. Nada de novo também, mas confirma a reclamação do
governador, que, com isso, deve perder espaço para os aliados na eleição
proporcional. Fato é que a direção estadual do Partido Progressista (PP) parece
ter se inspirado no Dia dos Pais ao definir o apoio dado a candidatos durante a
campanha das eleições de 2014. O Bahia Notícias fez um levantamento dos
deputados estaduais baianos que disputam, agora, uma vaga em Brasília. Segundo
informações da primeira parcial de contas divulgada pelo Tribunal Regional
Eleitoral da Bahia (TRE-BA), herdeiros de nomes marcantes do PP aparecem com
destaque, enquanto outro progressista ficou à míngua. Mário Negromonte Jr. –
filho do até recentemente presidente estadual do partido e vice-presidente
nacional, Mário Negromonte, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas dos
Municípios – e Cacá Leão – filho do atual presidente regional, João Leão –
receberam, cada um, R$ 350 mil dos cofres do PP. Já o terceiro, Ronaldo
Carletto, não recebeu nada da sigla. De acordo com o TRE-BA, Carletto conseguiu
arrecadar, ao todo, R$ 58 mil – montante bem abaixo das doações para os
herdeiros progressistas. A discrepância é alta. A soma dos valores aplicados
nas campanhas dos “filhos pródigos” representa quase os mesmos R$ 750 mil
disponibilizados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para a campanha de Rui
Costa ao governo do Estado. Procurado, o presidente estadual do PP, João Leão,
não foi localizado para comentar as doações da sigla - segundo a assessoria,
estava em campanha como candidato a vice-governador na chapa de Rui Costa (PT).
Deve também não saber de nada, o inocente. No levantamento do BN, os deputados
estaduais que almejam ir para a Câmara Federal Capitão Tadeu (PSB) – ex-deputado,
mas que até bem pouco tempo tinha cadeira na Assembleia -, Paulo Azi (DEM),
Elmar Nascimento (DEM), João Carlos Bacelar (PR) e Yulo Oiticica (PT) não
receberam apoio financeiro de seus respectivos partidos. Só quem poderá
resolver a peleja é o eleitor que desconfiar de campanhas com altas quantias de
financiamento. Não pode um candidato gastar 2 milhões para se eleger, quando a
soma dos salários de um deputado, sem nenhum desconto, durante os quatro anos é
de pouco mais de 1 milhão. Esta conta não fecha. Num país sério, não precisava
muito para cassar várias candidaturas.