Exclusivo!

Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Educação na Bahia virou brincadeira


                               Landisvalth Lima
Está ficando difícil ensinar e aprender no CEJDS, em Heliópolis! (foto: Facebook)
Eu sou professor há trinta anos e já ensinei até debaixo de uma árvore. Não sou de reclamar das condições péssimas de trabalhos nas já carcomidas estruturas físicas de várias escolas de nossa região, mas tudo tem um limite. Parece que não adiantou muito aquela greve de 115 dias na nossa Bahia de meu Deus! Não adiantaram as derrotas sofridas pelo governo em vários municípios importantes do nosso estado. A verdade é uma só: Jaques Wagner está brincando com a nossa educação ou o secretário Osvaldo Barreto está passando ao governador um quadro que não representa a verdade. Certo é que educação na Bahia virou brincadeira.
Começa já por uma portaria do secretário que estabelece horários para professores dentro dos critérios estabelecidos de cima para baixo. Professor com 200 horas tem que trabalhar pelo menos 4 dias, começando pelo turno de maior quantidade de alunos. O professor não tem direito de escolher o seu horário de trabalho, mesmo que tenha outro vínculo empregatício. Nenhum diretor tem mais autonomia para abrir uma nova turma, por exemplo. Precisa pedir autorização ao diretor regional. Dentro em breve a figura do diretor será apenas formal. E nem precisa mais falar em coordenador pedagógico. Para o estado, esse profissional é desnecessário na vida escolar, afinal são anos de luta negando o direito adquirido em concurso público.
Em Heliópolis, o ano começou com duas semanas de atraso, porque o calendário do município é o guia. Superadas as dificuldades, surgem outras tantas. O Colégio Estadual José Dantas de Souza virou um desafio para quem ainda quer praticar uma boa educação. Os profissionais em sala de aula estão cumprindo os seus respectivos papéis, os alunos estão frequentando satisfatoriamente, mas as condições de trabalho estão insuportáveis. Ventiladores quebrados num verão desumano, problemas incontáveis na rede elétrica, salas com número superior a 40 alunos e transporte escolar deficitário. Para completar o quadro, nada de merenda escolar! Isso mesmo. Começaram o ano letivo e não há merenda escolar na rede estadual. Há merenda no município, mas não há na escola do estado. Querem mais desgraça? Nesta terça-feira faltou água nas torneiras do colégio estadual. Com tudo isso, ainda querem educação de qualidade! Ah! Já temos a solução para resolução dos problemas: é só culpar o professor e dizer que ele é um insensível não praticante da pedagogia do amor!