Carol Aquino – do Portal do
jornal A TARDE
O acirramento dos ânimos durante
a campanha eleitoral fez com que fossem registrados no Tribunal Regional
Eleitoral da Bahia 19 pedidos de reforço
de proteção policial até o dia 6 de setembro. A expectativa é que esse número
seja maior, embora a violência durante as campanhas políticas municipais tenha
caído em relação a pleitos anteriores. Em 2008, foram 44 pedidos de reforço de
proteção e, em 2004, registraram-se 39.
Na próxima semana, serão
analisados os pedidos de aumento do efetivo policial. As ocorrências são todas
relativas a cidades pequenas do interior da Bahia.
Um dos municípios em que a
situação está grave é Candiba (a 497 km de Salvador), mas ainda não foi feito
pedido de reforço policial. A cidade tem
13 mil habitantes, três candidatos a prefeito e há casos de espancamento a
militantes partidários e ameaças ao candidato a vereador Gilson Alves (PT):
"Recebo ligações anônimas, bilhetes, dizendo que vão me pegar, que vão
sumir comigo".
A guerra está instalada entre
militantes do atual prefeito e candidato à reeleição, Reginaldo Prado (PMDB), e
partidários da candidata Alécia Prado (PSB). Os dois prefeituráveis são primos
e o pai de Alécia, Aleci Prado, é
vice-prefeito do município. Rumores dão conta de que pessoas ligadas ao
prefeito anunciam em locais públicos uma lista com mais de dez pessoas a serem
espancadas, composta por lideranças políticas e funcionários de Alécia.
"Três das pessoas dessa lista já foram agredidas, duas delas sofreram
tentativa de homicídio. Já identificamos o autor, mas ele está
foragido", informa um funcionário
da delegacia, que prefere não se identificar. O
promotor eleitoral de Guanambi, Leandro Mancini, está em alerta.
"Por enquanto só chegaram a mim oficialmente incidentes mais leves, mas há
denúncias de agressões vindas do grupo do prefeito que estão acirrando os
ânimos". O promotor reconhece que um dos problemas é falta de
policiamento, na cidade há apenas dois policiais.
O advogado da coligação, Gabriel
Carvalho, estuda a possibilidade de requerer ao TSE proteção da Força de
Segurança Nacional. "Um dos ameaçados é o
representante da Coligação de Dra. Alécia, Austeclino Magalhães, que já registrou ocorrência,
revela o advogado.
Agressões entre eleitores nas
cidades de Cipó, Ribeira do Amparo e Antas levaram à proibição de manifestações
eleitorais com agrupamentos pelo juiz
Marcelo Luiz Santos Freitas e terminou com o ex-vereador Gilberto Onofre
preso por ameaçar a ordem pública. O estopim da confusão aconteceu no dia 25 de
agosto em Cipó. Durante carreatas dos grupos adversários, militantes de dois grupos políticos (PSD e PT) brigaram
entre si e duas pessoas foram atropeladas. Três candidatos a vereador e um a vice-prefeito foram denunciados à Justiça por lesão corporal e outros crimes. Já haviam sido registrados outros atos de
violência durante manifestações políticas.
Briga pelo poder - Para o
cientista político Joviniano Neto, as rivalidades políticas acabam em agressão
porque o instinto de poder é um dos mais fortes do ser humano. "No
interior, principalmente nas cidades com menos de 50 mil habitantes, essa
disputa é mais personificada porque há maior
visibilidade das posições políticas e as pressões são mais fortes".
Além disso, as decisões políticas interferem mais diretamente na vida das
pessoas porque o poder econômico, político e
prestígio social estão
concentrados nas mãos dos grupos políticos.