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Cansanção - Um Lugar no Sertão - episódio 9

Pouco mais de 40 kms separam as cidades de Itiúba e Cansanção. A via de ligação entre as duas cidades é a BA 381, em bom estado. Logo depois do distrito de Rômulo Campos, precisamente no açude Jacurici, começa o território de Cansanção. A cidade fica logo após percorrermos 25 kms. Além da BA 381, que liga o município a Itiúba e Quijingue, há ainda a BA 120, destino para as cidades de Queimadas e Monte Santo. A única via sem asfalto é a ligação com Quijingue.

Neste episódio da série Um Lugar no Sertão mostraremos um pouco de Cansanção. Iniciaremos pela sua história. A localidade surgiu, como tantas outras, na segunda metade do século XIX. Por aqui chegou um fazendeiro chamado Luiz Buraqueira e fez destas terras sua morada. A área pertencia ao município de Monte Santo. Buraqueira logo transformou o local em uma fazenda produtiva. Plantou milho, feijão, cultivou a mandioca e criou gado. Com a fazenda organizada numa região fértil e cortada por riachos, batizou-a com o nome Cansanção porque havia esta planta em abundância, que causa irritação na pele.   

Documentos indicam que no ano de 1896 já existiam oito famílias morando no lugar. Sabe-se disse porque o local foi pouso das tropas federais que, vindas de trem até Queimadas, destinavam-se a Monte Santo, onde foi instalado o Quartel General de combate aos seguidores de Antônio Conselheiro, em Canudos. A partir daí, a localidade se desenvolveu e, em 1919, contava com 25 famílias. Neste mesmo ano é construída uma capela dedicada à Senhora Santana, padroeira de Cansanção. Em 30 de julho de 1919, a Lei Estadual 1332 cria o distrito de Cansanção, subordinado ao município de Monte Santo.

Depois de 33 anos, em 28 de novembro de 1952, Cansanção é desmembrado de Monte Santo através da Lei Estadual nº 504. Entretanto, o município não demora muito tempo. Em acórdão do STF, de 27 de dezembro de 1954, a criação do município é anulada e seu território volta a fazer parte de Monte Santo. Quase quatro anos depois, em 12 de agosto de 1958, Lei Estadual nº 1018 faz renascer o município de Cansanção, definitivamente instalado em 07 de abril de 1959.

A sede do município está instalada numa altitude de 400 metros e fica distante de Salvador por cerca de 347 km. A área total do município é de 1.351,891 km², abrigando uma população de 39.475 habitantes, numa densidade de 29,2 pessoas por km². Cansanção tem limites com Monte Santo, Araci, Nordestina, Queimadas, Santaluz, Quijingue e Itiúba. De acordo com a divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo IBGE, o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária de Paulo Afonso e Imediata de Euclides da Cunha. Seu território de identificação é região do Território do Sisal, área econômica e cultural no semiárido baiano, composta por 20 municípios, com população total em torno dos 600 mil habitantes.Além do seu povo alegre e hospitaleiro, a paisagem é formada por montanhas e vales, cortados por rios e córregos, com solos que sustentam a vegetação nativa da Caatinga. Os rios e riachos que correm em seu solo são Gato, Monteiro, Gangorra, Negro, São Miguel, Pedrinhas, Baixa da Umidade, Carimatãs e Quixaba. Além disso, há dois rios principais que correm quase sempre o ano todo: o Cariacá e o Jacurici, além do Itapicuru, localizado no limite sul do município, principal rio da região. Cansanção fica no polígono das secas, tem um clima muito quente e seco, com uma temperatura média anual de 23,6 ºC e chuvas de cerca de 477 mm por ano, concentradas principalmente entre março e maio.

Na BA 381, em direção a Quijingue, há três povoações importantes no município de Cansanção: Laje da Gameleira (um pouco afastado da estrada), o povoado Angico (no mapa está escrito Sítio das Flores) e o simpático povoado de nome curioso -  Deixaí, localizado numa região belíssima e com uma estrutura razoável, embora ainda necessite de inúmeras intervenções dos órgãos públicos para dar melhor qualidade de vida aos seus moradores.