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Simão Dias - Um Lugar no Sertão 12

Como muitas cidades deste país, os primeiros habitantes de Simão Dias foram os índios. Por estas bandas viviam os Tapuias, grande nação indígena, quase que totalmente dizimada no litoral por ordens do governador geral na Bahia, o Luiz Brito, na época da conquista de Sergipe. Os poucos sobreviventes vieram para estas terras e se embrenharam nas matas e criaram uma fortaleza com cerca de pau-a-pique. Deram o nome de Caiçara. No início do século XVII, forma-se uma aldeia e passa a região a se desenvolver, quando então ocorre a invasão holandesa. Em Itabaiana, o fazendeiro Braz Rabelo manda seu vaqueiro Simão Dias fugir com o gado para as margens do rio Caiçá. Lá fixou morada e abriu uma venda. O local passou a ser ponto de parada obrigatória de todos que se aventuravam nos sertões da Bahia e Sergipe.

O local era território do município de Lagarto e divisa entre os dois estados. Em data incerta, o usineiro lagartense Manoel de Carvalho Carregosa comprou terras nas proximidades do rio Caiçá, montou um engenho e passou a criar gado. No livro Simão Dias Tempos e Narrativas, de Jorge Luiz Souza Bastos, há indicativo de que as terras eram as mesmas de Simão Dias Francês. Inclusive, neste mesmo livro, é possível encontrar uma narrativa de como Simão Dias se livrou de uma acusação feita pelo ex-patrão, Braz Rabelo, de ter seu vaqueiro desviado gado e enriquecer. Consta que Simão Dias fez sua própria defesa e inclusive apresentou todos os recibos e anotações das transações feitas com o gado, e até os documentos da parte que tinha direito. Além de ser inocentando, ainda pagou o processo e não guardou rancor do antigo patrão. Viveu até a morte em data incerta e não deixou descendentes. Manoel Carregosa comprou as terras nos fins do século XVIII, mais de cem anos após a morte de Simão Dias.

O sucesso do engenho de Manuel Carregosa fez nascer uma feira semanal que atraía muita gente. Ana Francisca de Menezes, esposa de Carregosa, devota de Nossa Senhora Santana, decide com o marido construir uma capela em homenagem a santa, doando um pedaço de terra e financiando todo o processo até a conclusão. Em 1826, a localidade era tida como uma filial da matriz de Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, mas seu desenvolvimento já merecia ser uma freguesia. Foi aí que apareceu a figura de Domingos José de Carvalho, neto de Ana e Manoel, que começou a luta para tornar o local uma freguesia. Oito anos depois, em 1834, oficializa-se a Freguesia de Nossa Senhora Santana, com seu primeiro vigário, o padre José Francisco de Menezes.

Uma lei provincial de 6 de fevereiro de 1835 cria o Distrito de Nossa Senhora Santana de Simão Dias. Daí em diante o crescimento foi inevitável. Outra lei provincial nº 264, de 15 de março de 1850, eleva a localidade à categoria de vila com a denominação de Santana de Simão Dias, desmembrando a região do município de Lagarto. Quarenta anos depois, o decreto nº 51, de 12 de junho de 1890, o local passa a ser cidade, com o nome reduzido para Simão Dias, constituindo-se o município de um único distrito. Curioso foi o que aconteceu 22 anos depois. Uma Lei Estadual nº 621, de 25 de outubro de 1912, passa a denominar o município como Anápolis, numa clara homenagem a dona Ana Francisca de Menezes. O nome Simão Dias só voltou a ser oficializado, embora o povo nunca deixou de chamá-lo assim, pelo decreto estadual nº 377, de 31 de dezembro de 1943, reforçado por outro decreto de nº 533, de 7 de dezembro de 1944.

Simão Dias está localizado na região centro-sul, extremo oeste do Estado de Sergipe, distante 104 km de Aracaju, capital do Estado. Limita-se ao Norte com os municípios de Pinhão e Pedra Mole; ao Sul com os municípios de Riachão do Dantas e Tobias Barreto; a Leste com o município de Lagarto, e a Oeste com Paripiranga, no Estado da Bahia. Sua área é de 564,360 km², abrigando uma população de 42 578 habitantes, censo de 2022, numa densidade demográfica de pouco mais de 75 habitantes por km². Seu clima e o tropical seco e subúmido e sua altitude é de 250 metros.

O município tem marcas que o colocam em destaque na história de Sergipe e do Brasil, além do seu comércio desenvolvido e de sua agricultura destacada. Na estrada que segue para Paripiranga ainda existe a Fazenda Mercador, o antigo engenho, palco de inúmeras histórias e também sede da maior fazenda de escravos desta região. Há ditos, que ainda precisam ser confirmados, indicando que vários escravos fugitivos criaram algumas comunidades na nossa região, dentre elas o povoado Tijuco, no município de Heliópolis, na Bahia. Aproveitando o gancho, O Tijuco não é o único elo de ligação com Simão Dias. Da Massaranduba saiu Abel Jacó para ser prefeito de Simão Dias e depois deputado estadual em Sergipe. Também vale lembrar que de Simão Dias saíram quatro ex-governadores de Sergipe: Sebastião Celso de Carvalho, Antônio Carlos Valadares, Marcelo Déda e Belivaldo Chagas Silva. Também nasceram em Simão Dias Rogério Santana Alves, ex-goleiro da Seleção Brasileira de Futsal, e Paulinha Abelha, cantora da banda Calcinha Preta.