Quem quiser visitar Piranhas, no Estado de Alagoas, a partir do Estado de Sergipe, basta se dirigir ao município de Canindé do São Francisco e seguir para a beira do rio no bairro da Prainha. De lá para Piranhas é pouco mais de 7 kms. É possível até avistar o Centro Histórico de Piranhas a partir da margem direita-leste, que fica distante apenas 4 kms em linha reta. Ocorre que só há uma ponte que liga os dois estados nesta região. Depois dela, é só seguir a estrada que vai para Olho D’Água do Casado e pegar a direita 4 kms depois. Chega-se então a Piranhas, uma cidade bem estruturada, com muitas pousadas e hotéis para todos os gostos, além de um comércio bem variado. Mas a atração principal é o Centro Histórico que margeia o São Francisco, distante 2 kms do centro comercial. O visitante, ao se deparar com uma arquitetura que nos leva ao século 19, logo de cara deseja nunca mais sair dali.
O nome Piranhas parece estranho, mas nem tanto. A história vem do século XVII, quando o local era conhecido como Tapera. A história popular diz que um homem pescou uma piranha num riacho que chamavam Riacho das Piranhas. Só que, se chegou mesmo a existir, o riacho desapareceu com a ação do tempo. Provavelmente era algum pequeno braço do Rio São Francisco. Fato é que este homem tratou seu peixe e chegando em casa, na localidade de Tapera, que ficava no alto, percebeu que havia esquecido seu cutelo, pedindo ao filho para buscar o utensílio no porto das Piranhas. Daí o nome nunca mais saiu, embora o local tenha sido mudado de nome várias vezes.
A povoação de Tapera, com o decorrer dos anos, se uniu a de Piranhas. O nome Tapera foi esquecido aos poucos, dando lugar a Piranhas. Com o advento da navegação a vapor, entre Penedo e Piranhas, o crescimento local ficou visível. Um convênio entre o Governo da Província das Alagoas e a Companhia Costeira Baiana, em 1867, foi fundamental para o desenvolvimento da região. Mais tarde chegou a estrada de ferro, dando outro impulso ao crescimento. Com a construção do Usina Hidrelétrica de Xingó, o turismo passa a fazer parte da evolução econômica de Piranhas e dos municípios próximos.
Curioso é que Piranhas só virou distrito em 1885, e vila (município) dois anos depois, desmembrado do município de Pão de Açúcar e Água Branca, em 3 de junho de 1887. Em 1891 é ativada a linha de ferro entre Piranhas e a cidade pernambucana de Jatobá, o que fez de Piranhas um grande centro comercial e regional. Desde 1911, Piranhas tem um segundo distrito no município, que é Entremontes, localizado na divisa com Pão de Açúcar, na mesma margem do São Francisco. Mas o nome nem sempre foi esse. Tentaram mudá-lo várias vezes. Numa delas, em 1939, Piranhas passou a ser Marechal Floriano, por determinação federal. O nome não pegou. Dez anos depois, outro decreto federal voltou com o nome Piranhas. Nessa época, o município oficialmente tinha 3 distritos; Piranhas, Entremontes e Olho D’Água do Casado. Em 1962, Olho D’Água do Casado vira município e Piranhas, desde então, tem o mesmo território de hoje. A população de Piranhas está hoje em torno dos 26 mil habitantes.
O Centro Histórico de Piranhas é Patrimônio Cultural Nacional e ficou famoso nacionalmente porque as cabeças dos cangaceiros mortos na Grota do Angico foram expostas na escadaria da Prefeitura Municipal, inclusive as de Lampião e Maria Bonita. No Museu do Sertão, localizado no antigo prédio da Estação da Rede Ferroviária, há várias fotos do cangaceiro e seus comandados, inclusive a que registra o empilhamento das cabeças na escadaria da Prefeitura Municipal. Visitar Piranhas vai além de um banho no São Francisco ou de um dia de lazer. É um mergulhar na história de um povo que ainda luta para ter um lugar de harmonia e felicidade. É inegável também dizer que as paisagens do Velho Chico na região, mundialmente conhecidas pelas novelas da Globo ali filmadas, são bálsamos para a alma e vigor para a luta rotineira dos dias.