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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Por que o bolsopetismo odeia Sérgio Moro?

Nunca antes no Brasil, uma candidatura despertou tanto ódio na classe política, tanto na direita como na da esquerda. (Foto: Correio Braziliense)

Se alguém tinha alguma dúvida, espero que hoje todas as nuvens que impediam uma visão mais ampla tenham sido dissipadas. O episódio da rachadinha no gabinete de Davi Alcolumbre está estampado na capa da Veja. A revista mostrou, com exatidão inquestionável, que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado embolsou dois milhões de reais por meio de um esquema de rachadinha. O imbróglio funcionava no seu gabinete desde 2016. Apesar de o senador ter divulgado uma nota afirmando que “é vítima de uma campanha difamatória“, ficou claro porque governo e oposição querem ver o diabo, mas se recusam a aceitar o trabalho realizado por Sérgio Moro e a equipe que dirigiu a Operação Lava Jato.  

Eles são capazes de inventar qualquer coisa para continuarem fazendo falcatruas. Tentam convencer pessoas, inclusive gente com diploma e fama de honesto, de que o ex-juiz já deveria estar preso porque comandou uma quadrilha. Qualquer pessoa de bom senso sabe que Moro não está preso porque não há nada que ele tenha feito fora da lei. Ocorre que os ladrões são muitos. Estão espalhados nos três poderes. Todos eles estão unidos numa só bandeira: ou o juiz cai ou todos nós vamos para a cadeia. Eles são maioria folgada e vão fazer o possível e o impossível para que Sérgio Moro não chegue à Presidência da República. Se ele chegar, outra batalha será o governabilidade. Se hoje o bolsopetismo é carta de baralho, amanhã ficará clara a adesão de outras tendências que hoje se encontram em cima do muro. Metade dos membros do partido em que ele vai se filiar, por exemplo, torcem o nariz para o ex-ministro. 

Que a batalha de Moro é necessária e fundamental para o país, não há dúvida. Entretanto, ela é hercúlea. Marina Silva enfrentou algo parecido sem perder sua dignidade. Moro parece seguir o objetivo, despertando nos inimigos o furor na hora precisa. Agora tudo começa e promete mudar radicalmente os prognósticos. Quem esperava caminho fácil, este só existe para aqueles que manipulam o jogo do toma lá da cá desta política nacional impiedosa. Moro terá uma batalha árdua, mas vai obrigar que o bolsopetismo mude o discurso. Não estranhem um segundo turno com o bolsonarismo e lulopetismo abraçados para se livrarem das condenações. 

Não duvidem disso. Basta ler o que está escrito em Veja para que cheguemos à conclusão da falta de escrúpulos dos nossos políticos. O senador Davi Alcolumbre pedia aos seus assessores para angariar mulheres na periferia de Brasília, principalmente aquelas com muitos filhos, para que as remunerações fossem turbinadas com o salário família. Mas ele só entregaria o valor de um salário mínimo, mesmo que a nomeação gerasse remuneração de 14 ou 15 mil. Isso é de uma desumanidade, de uma canalhice e de uma crueldade infinitas. Exploração da miséria de forma revoltante, como faziam ou fazem os Bolsonaros. Não há outra definição que não roubo. São ladrões do dinheiro público e não querem largar a mamata. Virou círculo vicioso porque o enriquecimento é fácil e rápido. Basta que, para isso, continuem existindo desempregados e famintos.

Estes carrapatos da República estão deixando o nosso país anêmico e vão combater todo aquele que atravessar os seus caminhos. Burlarão leis, corromperão pessoas, gritarão aos quatro cantos por justiça e liberdade e apontarão o dedo para outro com a acusação de estar explorando a fome e a miséria. Dirão que são patriotas e que morrerão por esta nação, mas no fundo estão se agarrando um na boia do outro para não desaparecerem no mar da corrupção. Urge, pois, afundar o quanto antes, o barco onde navega Sérgio Moro, que traz consigo todas as informações da Operação Lava Jato.