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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Os duas maiores vergonhas da República

Um procurador e um presidente do Legislativo que desonram os cargos que ocupam, distanciando-se de suas obrigações.
 (Foto: O Globo)

Já vi de tudo no Brasil, mas juro que não consigo me lembrar da vez que reunimos num só governo, num só tempo, numa só era, dois espertalhões da mais alta estirpe que suplantem Augusto Aras e Arthur Lira. Ambos são de uma desfaçatez de doer na alma e, para completar, pensam que nós todos somos um conjunto de idiotas prontos para aceitar qualquer justificativa deles. Hoje, em seus discursos, nenhum dos dois disse nada sobre nada. Apenas repetiram velhas ladainhas vazias. Seria melhor que ficassem calados. O silêncio envergonha menos que discursos vazios. 

O alagoano Arthur Lira, que infelizmente preside a casa do povo deste país, teve a coragem de dizer que a crise política no Brasil está superdimensionada por causa das redes sociais. Disse ele que “a Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e de construir uma nação melhor para todos. Os Poderes têm delimitações — o tal quadrado, que deve circunscrever seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas — como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página”, disse o presidente da Câmara sem dizer o que faria para resolver o problema. Ou seja, falou, e daí?

O discurso vazio continuou dizendo que “é hora de dar um basta a esta escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia-a-dia do Brasil de verdade. O Brasil vê a gasolina a R$ 7, o dólar valorizado em excesso e a redução das expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada pelas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia estimula incitações e excessos”, declarou. Faltou completar com o que todos gostaríamos de ouvir, que é o desengavetamento de um dos mais de 130 pedidos de impeachment. Falou a realidade e não disse como agiria para iniciar o fim da nossa desgraça.  

O outro, infeliz procurador geral da República, foi ainda pior. Nem mesmo a realidade chegou a dizer e ainda usou a famosa frase de Dr. Ulisses na promulgação da nossa Constituição: “, A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-lanunca”. Ao contrário de Luiz Fux, que fez um discurso duro em reação aos ataques de Bolsonaro, acusando o presidente da República, diretamente, de cometer “crime de responsabilidade”, Aras não fez nenhuma crítica e é ele quem deveria abrir processo de investigação contra o Chefe da Nação. O presidente do Supremo ainda jogou a responsabilidade de abertura do impeachment no colo de quem tem atribuição para tal, o presidente da Câmara.  

Não é possível que estes homens um dia possam se orgulhar dos cargos que hoje assumem. São duas vergonhas incomensuráveis.