A imagem de Mussolini e sua esposa amarrados de cabeça para baixo, após serem assassinados e seus corpos molestados pela multidão de italianos, revela o limite entre submissão e antagonismo. Todos aqueles que abusaram da esperança do nosso povo, manipulando suas vontades, tirando suas liberdades, vendendo algo supérfluo para a melhoria de sua existência pagaram um alto preço. Mas nunca jamais aqueles dois corpos cobriram o suor, o sangue e as lágrimas de milhões de italianos. É doloroso também saber que, ao admitir o erro, os italianos deram mais um passo em direção à busca de mais progresso, de uma vida melhor. Sim, aprendemos com os erros!
Deveria ser algo comum ser eleito para dado mandato e convocar um auxiliar para ajudá-lo na implantação de políticas públicas para a melhoria de um povo. É ação corriqueira confiar num partido ou candidato e, caso se desvie do caminho proposto, confiar a ele o ostracismo, eliminando-o do mapa das oportunidades. Ninguém pode ser sano quando levanta a bandeira de grupos milicianos, corruptos, defensores dos fins das liberdades, fascistas, violentos, negacionistas, autoritários, machistas e contrários à ciência e à proteção de minorias. Basta se mostrar defensor ou praticante de uma só dessas desgraças para não ser mais sequer digno de disputar algum mandato.
Todo mundo concorda com isso! Entretanto, todos esses defeitos estão nos adversários! Nunca no candidato preferido, no ídolo, no homem que acha ser o segundo Jesus Cristo, no mito, no que matou a sede da gente ou no que criou o bolsa-alguma-coisa! Defender tais candidatos sempre acontece por interesse de quem defende, por ódio do adversário ou por ingenuidade. E é exatamente isso que manipulam nas eleições brasileiras. Você precisa odiar o adversário para engolir qualquer nome, ou pode se aproveitar da situação para tirar uma boquinha. Por fim, ser inocente a ponto de votar naquele que pode estar mais perto da vitória, para ficar bem com a turma, para ser algo vivo num projeto vencedor. Não importa quantos tenham que morrer por isso!
Hoje, finalmente, alguém tomou coragem para tentar acabar ou diminuir com alguns dos cânceres da nossa república: a demagogia e o populismo. O Cidadania divulgou um vídeo-manifesto em que seu presidente, Roberto Freire, clamou por uma alternativa às candidaturas de Lula e Jair Bolsonaro, na corrida presidencial de 2022. Segundo Freire, é um “chamamento aos que não querem nem Bolsonaro nem Lula e sonham com uma alternativa não populista em 2022. Não são iguais, mas são prejudiciais à sua maneira. Nem erros do passado nem a perversidade do presente. Um olhar de esperança pro futuro”, escreveu o ex-deputado no seu Twitter. Ainda bem!
Como não é possível se indignar com o que aconteceu na era Lula e com o que está acontecendo no desgoverno deste presidente atual, mais próximo a um lord da desgraça alheia? O populismo e a tentativa de manipular nosso povo desinformado têm até contaminado a candidatura de Ciro Gomes, uma clara alternativa aos dois nomes aqui ditos, mas que carrega um ranço desgraçado da ideia de que um homem só resolve tudo neste país, estreita ligação com o coronelismo. Bolsonaro não tem mais moral para nada e a esquerda nem mesmo se arrisca a dizer que acabará com corrupção endêmica, câncer que emperra nossa velocidade de ir a busca do futuro. O mais moderno discurso do país ainda é o de Marina Silva, mas que perde musculatura ao ser confundido com um discurso comum da esquerda latino-americana. O que esperar de um Amoedo, que envelheceu antes mesmo de se firmar, numa pregação de capitalismo distante do estado? Luciano Huck vai topar a parada? Sérgio Moro vai se arriscar ainda mais? E o PSDB, quando sairá de cima do muro? E o DEM, vai deixar de ser governo aqui, meio governo ali e oposição nunca?
O que está em jogo aqui é o futuro de 215 milhões de seres mesclados em origens de todos os recantos deste planeta. Poderia ser exemplo de uma sociedade igualitária, próspera, rica, socialmente perfeita, de convivência pacífica com o mundo. Uma sociedade onde não se perca tempo em tornar um juiz parcial só porque ele ousou aplicar as leis aos brasileiros do camarote especial. Uma nação onde a educação seja sempre o norte, para que não caiamos nos falsos ideais do terraplanismo e da mudança de uma bula por decreto. É hora da inteligência tomar o lugar do emocionalismo piegas.