Landisvalth Lima
Agora muito pouco importa quem
vencerá a eleição no próximo domingo. Caso vença Dilma, tudo será o mais do
mesmo como sempre se fez ao longo da história deste país. Um ano somente será
gasto para cobrir o rombo, não o da Petrobrás, mas o da eleição. Como o modelo
está esgotado, o PMDB, PP, PCdoB, PT, PSD e outros, aos poucos, mandarão a
fatura e nós pagaremos de bom grado. Afinal, foram tirados 22 milhões de
famintos da linha da pobreza, mandamos o FMI para as cucuias, temos milhões de
universitários promovidos por Fies, Prouni, estamos trabalhando como nunca com
carteira assinada, a moçada está estudando no Pronatec e blá, blá, blá, blá! Uma
maravilha! O preço? Uma Petrobrás, uma Eletrobrás, inúmeros escândalos de
corrupção, mentira, incompetência, caos na saúde, baixa qualidade na educação,
violência metralhando os nossos jovens carcomidos pelas drogas. Será a vitória
do apelo de Chico Buarque numa época em que Robissão faz sucesso.
Vencendo Aécio Neves, também
pararemos um ano para a desconstrução de todo o esquema petista de governar.
Demorará para termos um novo governo e só nos restará esperar que o eleito não
cometa erros e nos surpreenda com uma administração moderna e eficiente,
confirmando a tese de Marina Silva de que a alternância de poder fará bem ao Brasil.
É isso um dos pontos que me moverá até a urna para digitar o 45, sem medo. Sei
que não tenho nenhuma garantia de uma futura eficiência de um governo de Aécio.
Estou pautado apenas na esperança do cumprimento de suas promessas. E não me
venham com a desculpa esfarrapada de que o PT fez e que, por isso, merece nova
oportunidade. Nada justifica a corrupção. Se todos os problemas do país fossem
resolvidos, mesmo assim, não justificariam o Mensalão, Pasadena, o rombo da
Eletrobrás e outros. O PT foi ao governo para acabar com a política do
toma-lá-dá-cá e hoje usa isso para dizer que melhorou a vida do povo, enterrando-se
até o pescoço na lama espúria e fétida da corrupção.
Mas sinto que perdemos um longo
tempo. Não vejo nada para os próximos quatro anos que me alegre, nem mesmo com
a vitória de Aécio ou com a vitória de Dilma e uma inesperada tomada de atitude
em direção à ética. Por quê? Porque ainda não aprendemos a usar o debate para
entender o que está ocorrendo com o Brasil. Há horas que me sinto um idiota
quando vejo 56 mil pessoas sendo assassinadas e não há nenhuma discussão
concreta em prol de um plano para sanar o problema. Igor Rousseff e a irmã de
Aécio tiveram mais espaço nos debates que a nossa malfadada insegurança
pública! E me perdoem chamar isso de debate. Mas também eu estou querendo muito
num país que dá 700 mil votos a Maluf, fichado em tudo quanto é polícia
investigativa. Somos a sétima economia com mentalidade quintomundista! O
descumprimento do piso nacional dos professores perdeu espaço para uma
discussão inócua envolvendo Gays, Lésbicas, LGBT e outros. Está lá na
Constituição que todos são iguais perante a Lei. Não precisamos criminalizar a
homofobia! E o que temos a ver se alguém resolveu queimar sua rodinha ou seu
cartucho? Pregar contra gays, defender união entre seres do mesmo sexo,
defender o uso da Bíblia e outros elegem! Dá voto! Pregar contra a corrupção,
apresentar projetos para a melhoria da educação, da saúde, da segurança pública
são coisas chatas e contribuem com a sua derrota!
Estamos perdidos no tempo e não
sabemos para onde ir. Porque se alguém vota para preservar seu bolsa-família a
gente até entende. Mas ver um professor votar e defender um Nelson Pelegrino ou
Daniel Almeida, depois do que eles fizeram com a classe naquela greve de 115
dias, é decepcionante. Os mesmos professores votaram com orgulho no futuro
governador, o segundo principal responsável pelo impasse da greve, já que o
primeiro foi o atual governador. E isso sem nenhuma garantia ou discussão para
a reposição dos percentuais legais que não foram acrescidos aos salários.
Perdemos mais uma vez. Foram quatro anos jogados na lata do lixo. Nos próximos
quatro seremos engolidos pelo peleguismo! Não temos mais armas para lutar. Era
a eleição o nosso palanque. Usaríamos o debate para garantir melhorias nas
inúmeras áreas problemáticas. Fraquejamos por pieguismo, preguiça, arrogância,
teimosia, incapacidade de olhar para o futuro, ação de fechar os olhos e não
ver o mal maior, efetivo, cancerígeno e assombrador: a corrupção! Tínhamos
gente nova para elegermos! Ideias novas! O que fizemos? Elegemos o congresso
mais conservador das últimas décadas! Tínhamos Marina Silva e a demonizamos!
Voltamos ao velho round PT X PSDB. E não sei se rio ou se choro quando vejo
babacas comparando Aécio com o governo FHC e sem conseguir separar o governo
Dilma do governo Lula. E ainda intelectuais dividindo o país em pobres e ricos,
criando dicotomias piegas como a Mãe dos pobres X Filhinho de papai. Meu Deus!
Quanto tempo perdido!
Vou para a urna envergonhado, sem esperança e à espera de um milagre!