A 35 dias do início da Copa do
Mundo, uma onda de protestos voltou a ocorrer no país, direta ou indiretamente
relacionados com a realização do Mundial.
No Rio, a população amanheceu
praticamente sem ônibus. Motoristas e cobradores estão em greve por 24 horas.
Pelo menos 325 ônibus foram depredados durante a manhã em vários ataques pela
cidade. Eles reivindicam aumento de salário. Situação parecida foi enfrentada
na Grande Florianópolis. Mais de 300 mil passageiros ficaram sem transporte
coletivo por causa de uma paralisação de motoristas e cobradores. Já na região
metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, moradores bloquearam dois
trechos da BR-040 entre a capital mineira e Brasília. O grupo quer melhorias no
transporte coletivo.
Em junho do ano passado o país
passou por uma onda de manifestações que tiveram como estopim o aumento no valor
da tarifa do transporte público em diversas cidades. Os atos reuniram milhares
de pessoas nas mais diversas cidades de norte a sul do país. A violência, tanto
por parte de manifestantes quanto pelo uso excessivo da força policial, também
marcaram as manifestações de 2013. O clima de instabilidade nacional fez com
que governos voltassem atrás e suspendessem os reajustes tarifários e
propusessem mudanças estruturais. Dilma chegou a fala, em cadeia nacional, para
propor um plebiscito que iria discutir a reforma política no Brasil. A
presidente ainda propôs uma assembleia constituinte, o uso do dinheiro dos
royalties do petróleo para a saúde e educação e a redução no número de
ministérios como uma forma de acalmar os ânimos da ruas.
MTST coloca Dilma na parede e
exige moradia popular
Após a realização de cinco
protestos de movimentos que lutam por moradia na manhã desta quinta-feira, 8,
em São Paulo, representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) se
encontraram nesta tarde com a presidente Dilma Rousseff (PT), em Itaquera, na
zona leste. Segundo a assessoria da presidente, ficou acordado na reunião que o
Ministério das Cidades vai estudar a inclusão de moradores de ocupações de São
Paulo no programa Minha Casa Minha Vida.
Segundo um dos coordenadores do
MTST, Guilherme Boulos, o encontro durou 20 minutos e teve a presença do
prefeito Fernando Haddad (PT). "A reunião foi positiva. O governo vai
estudar a possibilidade de desapropriação do terreno onde está a ocupação Copa
do Povo, em Itaquera, para a construção de moradias populares."
Pela manhã, três atos simultâneos
convocados pelo MTST, Movimento Popular por Moradia (MPM)e pelo Movimento de
Luta Popular (MLP) terminaram com a invasão e a pichação de prédios das três
principais construtoras responsáveis pela reforma e construção dos estádios da
Copa do Mundo: Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS.
A manifestação, que teve início
na estação Butantã do Metrô, se juntou à marcha do Movimento dos Trabalhadores
Sem-Terra (MST), somando cerca de 1,5 mil pessoas. Eles caminharam até o prédio
da Odebrecht, onde um grupo de cerca de 150 integrantes conseguiu entrar na
recepção e pichar vidros, paredes e o chão com frases como "Copa das
tropas e das empreiteiras" e "O poder é do povo". A ação no
prédio durou cerca de 15 minutos e funcionários foram impedidos de entrar no local.
"Não sei o que fazer, parece que eles fecharam todas as portas",
disse um funcionário da construtora que chegava para trabalhar e preferiu não
se identificar.
Os manifestantes que se
concentraram na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, caminharam até a sede
da construtora OAS, na Avenida Angélica, onde também houve pichações. Segundo a
empresa. Funcionários foram ameaçados por manifestantes. Já o protesto em
frente ao prédio da Andrade Gutierrez partiu da Estação Berrini da CPTM.
Empresas. Após os protestos, as
construtoras divulgaram nota lamentando o ocorrido. A Odebrecht disse que
"respeita todo tipo de manifestação pública pacífica, mas repudia qualquer
ato de vandalismo". Segundo a empresa, o sistema de segurança do local foi
reforçado após o ato. A OAS afirmou que "respeita manifestações públicas
pacíficas. No entanto, repudia veementemente atos como os ocorridos nesta
manhã". A Andrade Gutierrez informou que "respeita toda e qualquer
manifestação pública pacífica e entende que isso representa o exercício da
democracia. No entanto, a companhia lamenta e repudia atos de vandalismo e
violência".
Com reportagens de Almir Leite e
Laura Maia de Castro, de O Estado de S. Paulo, e informações da Folha de São
Paulo.