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Ádria, o último adeus!

A um passo do caos

                                                     Landisvalth Lima
A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, espancada por dezenas de moradores de Guarujá, litoral de São Paulo. A mulher foi linchada depois de ser confundida com uma retrato falado divulgado em uma rede social e foi acusada de sequestrar uma criança para praticar rituais de magia negra. Tudo foi registrado num vídeo. As pessoas aparecem comemorando ao ver Fabiane caída no chão e depois gritam. "Meu Deus do Céu", diz uma pessoa. "Já era", responde outra. Fabiane morreu nesta segunda-feira (5) depois de ser espancada por moradores do Guarujá, litoral de São Paulo, no sábado. Uma mulher chega a gritar várias vezes "não faz isso, não" quando outra pessoa puxa Fabiane pelo cabelo e deixa a cabeça dela cair no chão em seguida. Um rapaz aparece dando um golpe com uma tábua na dona de casa. Ainda chega um homem de bicicleta e passa por cima da cabeça dela. Outro, amarra a dona de casa pelo pulso e a puxa por alguns metros, com o rosto virado para o chão.
Apesar dos boatos, que se espalharam por redes sociais, a polícia da cidade não registrou nenhum caso do tipo. O advogado Airton Sinto, que representa os familiares de Fabiane, acusa um perfil do Facebook de ajudar a promover o linchamento. Segundo Sinto, no entanto, havia um retrato falado da suposta "bruxa" que estaria sequestrando crianças para uso em magia negra. Através da página "Guarujá Alerta", os boatos sobre a sequestradora foram repercutidos, mas os donos do perfil se manifestaram em nota dizendo que sempre negaram a notícia. O perfil diz que sempre se referiu aos sequestros no bairro de Mourinhos como "boatos" e que o retrato falado divulgado vinha com o aviso "se é boato ou não, vamos ficar alertas". Dizem também repreender que seja feita "justiça com as próprias mãos". Fabiane deixou duas filhas. Ela sofria de transtorno bipolar e fazia tratamento
Na nossa região, para não dizer que estamos isolados dos problemas enfrentados pelo país, foi enterrado no último sábado o corpo do ex-candidato a prefeito de Paripiranga, pelo PT, nas eleições de 2012, Dr. Zé Carlos. Ele foi assassinado na noite da última sexta-feira (2), com dois tiros na cabeça. A vítima, José Carlos Bezerra Carvalho, de 49 anos – que também era médico conhecido na cidade – foi morto por homens que passaram em uma moto e atiraram quando ele saia da Clínica UCP, de sua propriedade. Cerca de 12 mil pessoas participaram do ato fúnebre. Nas eleições de 2012, embora derrotado, ele recebeu 8.047 votos válidos. A perícia ainda não foi feita e a polícia não sabe se algo foi roubado do médico ou se o crime foi uma execução. Petistas de Paripiranga alegam motivação política para o crime.
Ao lado de tudo isso, como algo corriqueiro e quase que já sem assombrar mais ninguém, mais três cidades tiveram caixas eletrônicos explodidos na madrugada desta terça-feira (6) na Bahia. Duas unidades do Bradesco foram dinamitadas em Itagimirim, no sul do estado. Segundo a polícia, o barulho da explosão foi ouvido pelos moradores e o dinheiro levado. Ninguém foi preso. Já em Caldeirão Grande, um caixa 24h do Banco do Brasil foi explodido por volta das 4h. Toda a agência, que fica na Praça Edgar Pereira, foi afetada. O grupo fugiu com o dinheiro do banco. Aqui próximo de nós, no município de Antas, bandidos explodiram todos os caixas eletrônicos instalados no Banco do Brasil da cidade. A agência ficou completamente destruída. Não há informações sobre o valor da quantia levada. Até o momento, ninguém foi preso.  
Acho que tais fatos já devem dar uma ideia de como anda a segurança pública no país. Estão matando jovens bandidos, senhoras transtornadas, médicos políticos e outros. Bancos explodem em quantidade nunca antes vista na história deste país. Falta apenas o povo entrar em pânico. Está mais que comprovado que não há segurança para ninguém. Para completar a nossa desgraça, outra refinaria está com suspeita de compra irregular. Segundo o jornalista Samuel Celestino, do Bahia Notícias, surgem denúncias sobre a aquisição de uma refinaria japonesa, com a total omissão da diretoria da estatal. Além disso, em 2007, época da compra, a refinaria japonesa dava prejuízos, “mas poderia reverter de 45 mil barris/dia para 100 mil barris se fosse adaptada, passando a refinar o petróleo brasileiro”. Tal não aconteceu e a refinaria, adquirida na gestão do então presidente José Sergio Gabrielli, continua empacada, refinando os mesmos 45 mil barris diários. Na época, a atual presidente, Graça Foster, era diretora da área de gás. Quando o negócio foi submetido ao Conselho Deliberativo, tal como aconteceu com a refinaria de Pasadena, nos EUA, as verdades não foram avaliadas porque não chegaram ao colegiado. A refinaria fica em Nansei, Oknawa. Somente um resumo chegou, exatamente como na compra de Pasadena, ao conhecimento do conselho. 
Ou seja, corrupção no governo, educação no fundo do poço, incompetência generalizada, falta de segurança pública... O que mais resta acontecer para se dar um basta a tudo isso? Estamos a um passo do caos! Será que precisaremos chegar lá para uma tomada de posição? Será preciso mergulharmos na lama fétida do descontrole social severo para percebermos que este modelo econômico-político-social está falido?