A caminho do segundo turno
Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra pela
primeira vez que eleição presidencial não deve ser revolvida em uma só votação,
como apontavam enquetes até agora divulgadas. A oposição ganha votos e, se
fosse hoje, a disputa seria entre Dilma Rousseff e Aécio Neves
Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra pela
primeira vez, desde que começaram a ser divulgadas as enquetes eleitorais de
2014, que a sucessão da presidenta Dilma Rousseff deverá ser decidida apenas no
segundo turno. No levantamento realizado com dois mil eleitores entre os dias
22 e 25 de abril, Dilma (PT) soma 35% das intenções de voto. É seguida pelo
senador mineiro Aécio Neves (PSDB), com 23,7%, e pelo ex-governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 11%. Juntos, Aécio e Campos têm 34,7% dos
votos, praticamente a mesma votação de Dilma (diferença de 0,3%). Como a
pesquisa tem uma margem de erro de 2,2%, se a eleição fosse hoje o futuro
presidente seria escolhido no segundo turno numa disputa entre Dilma e o tucano
Aécio Neves. A mesma situação ocorre quando, diante do eleitor, é colocada uma
lista mais ampla, incluindo os nomes de pré-candidatos nanicos como Levy
Fidelix (PRTB) e Randolfe Rodrigues (Psol), por exemplo. Nesse caso, a
presidenta fica com 34% das intenções de votos e os demais candidatos, 32,4%.
Diferença de 1,6%. Um cenário que também permite concluir pela realização de
segundo turno entre Dilma e Aécio. “A leitura completa da pesquisa indica que a
presidenta terá muita dificuldade para reverter o quadro atual”, afirma Ricardo
Guedes Ferreira Pinto, diretor do Sensus.
O resultado da primeira pesquisa
da série que será feita por ISTOÉ em parceria com o Sensus explica a tensão que
passou a dominar o Palácio do Planalto e a cúpula do PT nas últimas semanas.
Desde que assumiu o governo, em janeiro de 2011, todas as enquetes apontavam
para uma confortável reeleição da presidenta ainda no primeiro turno. Agora,
mais do que a concreta hipótese dos dois escrutínios, há uma ameaça à própria
reeleição. A distância que separa Dilma de seus opositores nunca foi tão
pequena. No levantamento ISTOÉ/Sensus realizado em 136 municípios de 24
Estados, menos de 7% dos votos distanciam Dilma de Aécio em um eventual segundo
turno. Se a eleição fosse hoje, a presidenta teria 38,6% e o senador mineiro
31,9%, uma diferença de 6,7%. Se a disputa fosse com o ex-governador Eduardo
Campos a situação de Dilma seria mais confortável: teria 39,1% contra 24,8%.
“O que se percebe é que no último
mês passou a ocorrer uma migração de votos da presidenta para candidatos da
oposição. Antes, as pequenas quedas de Dilma aumentavam o índice de indecisos”,
diz Guedes. Mais do que o crescimento das candidaturas de PSDB e PSB, dois
outros fatores revelados na pesquisa ISTOÉ/Sensus têm tirado o sono dos aliados
da presidenta. O primeiro é a alta taxa de rejeição. Hoje 42% dos eleitores
afirmam que não votariam em Dilma de jeito nenhum. Eduardo Campos é rejeitado
por 35,1% e Aécio Neves por 31,1%. “Como a presidenta é a mais conhecida dos
eleitores, não é surpresa que tenha também um índice maior de rejeição, mas 42%
é muita coisa”, analisa Guedes. “Não me recordo de nenhum caso de alguém que
tenha conseguido se eleger chegando ao segundo turno com mais de 40% de
rejeição. E o quadro atual não é favorável para a presidenta reverter esses
números”, conclui.
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