Mais de 60% das rodovias
apresentam problemas, aponta Pesquisa CNT de Rodovias 2013
Presidente da CNT, senador
Clésio Andrade, afirma que excesso de burocracia e falta de capacidade
gerencial do governo dificultam investimentos no setor.
Um país que pretende se manter entre as dez maiores potências do globo não pode ter rodovias assim. |
A CNT percorreu 96.714 km de
rodovias, o equivalente a toda a malha federal pavimentada e às principais
rodovias estaduais. Em relação ao pavimento, foi avaliado se as vias atendem a
atributos como capacidade de suportar efeitos do mau tempo e estrutura forte
para resistir ao desgaste e permitir o escoamento das águas (drenagem).
Resultado: 46,9% do total avaliado apresenta deficiência.
Sobre a sinalização, essencial
para garantir a segurança dos usuários das vias, a pesquisa indica 67,3% da
extensão pesquisa apresenta problemas. O resultado é preocupante porque os
sinais de trânsito têm a finalidade essencial de transmitir aos motoristas
informações e instruções para garantir a movimentação correta e segura dos
veículos.
Os dados sobre geometria das
vias também preocupam – 77,9% não está em padrões satisfatórios. As
características geométricas da via afetam a habilidade do motoristas em manter
o controle do veículo e identificar situações e características perigosas. A
implantação de projetos geométricos inadequados limita a capacidade de tráfego,
aumenta custos operacionais e pode causar acidentes.
O presidente da CNT, senador
Clésio Andrade, destaca que os números mostram a necessidade urgente de
aumentar os investimentos nas rodovias brasileiras, principalmente em
duplicação. “O governo tem uma dificuldade gerencial. Muitos projetos não saem
do papel. Há um excesso de burocracia. Os investimentos precisam ser ampliados
para que o Brasil melhore a sua competitividade”, afirma.
Falta investimento
Clésio Andrade destaca que, do
total autorizado pelo governo para as rodovias em 2013 (R$ 12,7 bilhões),
apenas 33,2% - o equivalente a R$ 4,2 bilhões - foram pagos até o início de
outubro. Em 2012, foram pagos R$ 9,4 bilhões (50,3%) do total autorizado, R$
18,7 bilhões. A CNT estima que o investimento mínimo necessário para melhorar a
infraestrutura das rodovias é de R$ 355,2 bilhões.
O presidente da CNT pontua que
esta falta de investimentos é uma situação comum nos últimos anos. Segundo
Clésio Andrade, o governo não consegue investe de forma eficiente porque tem um
grave problema gerencial. Apesar de reconhecer a importância de alocar os recursos,
não consegue destravá-los. “A Pesquisa de Rodovias é uma ferramenta para
incentivar políticas públicas que garantam um transporte de maior qualidade”,
explica.
As rodovias concessionadas são
as mais bem avaliadas pela Pesquisa da CNT. Em relação ao estado geral - 84,4%
foram classificadas como ótimas ou boas. Apenas 15,6% ficaram no patamar de
regular, ruim ou péssimo. A situação se inverte quando são analisadas as
rodovias sob gestão pública – 26,7% têm condições ótimas ou boas e 73,3% não
estão em condições satisfatórias.
Custo operacional
Rodovias em precário estado de
conservação aumentam o curso operacional do transporte. De acordo com o
levantamento da CNT, as condições do pavimento geram um aumento médio, no país,
de 25% no custo operacional do transportador. A região que apresenta o maior
incremento nestes valores é a Norte (39,5%), seguida pelo Centro-oeste (26,8%),
Nordeste (25,5%) e Sudeste (21,5%). O menor acréscimo é registrado no Sul
(19%).
Outro destaque da Pesquisa são
dados ligados ao Meio Ambiente. Rodovias com pavimento adequado proporcionam
uma economia de até 5% no consumo de combustível. Se for considerado o consumo
de óleo diesel no Brasil, em 2013, seria possível uma economia de R$ 661
milhões de litros (R$ 1,3 bilhão) e uma redução da emissão de 1,7 megatonelada
de gás carbônico, principal gás causador do efeito estufa.