Repórter Roberto Cabrini, do SBT. |
A imprensa tem dado
extraordinária contribuição para a melhoria das nossas condições de vida. Vez
por outra, um repórter do sul do país vem por estas bandas e nos dá um alento
de que a coisa vai melhorar. Desta vez foi Roberto Cabrini, do Conexão
Repórter, do SBT. Ele esteve em Abaré e mostrou as condições da educação
naquele município, dominado politicamente por Delísio Oliveira da Silva, que é
o atual secretário de administração. Aliás, está virando moda o prefeito ser
eleito, mas quem manda é o secretário de administração. No caso de Abaré, o
prefeito atual é o Benedito Pedro da Cruz, do PMDB, o mesmo partido do coronel
Delísio, que também já foi prefeito por duas vezes e é filho do ex-prefeito Josino
Soares da Silva (1983-1988). Delísio também já foi vereador e presidente da
Câmara por duas vezes e chegou a ser afastado do cargo de prefeito por improbidade,
mas findou o mandato por força de uma Liminar.
Benedito Pedro da Cruz, o prefeito. |
Delísio Oliveira, o coronel |
Abaré teve sua emancipação
política em 1962, separando-se de Chorrochó, e seu primeiro prefeito foi Edésio
Tolentino (1963-1965). O significado do nome é “homem de batina”, expressão
usada pelos índios para designar os padres missionários que buscavam fiéis ao
longo do São Francisco. Seu povoado mais expressivo é o distrito de Ibó, na
ponte da BR-116 sobre o rio São Francisco. A população gira em torno dos 17 mil
habitantes e o município é marcado pelo conservadorismo e pelo conformismo de
sua população. A minoria que deseja mudança vê agora a oportunidade de chamar a
atenção para as desgraças vividas no município. Uma das batalhadoras contra o
coronel Delísio é a pernambucana Carol Pires, única vereadora do PT no
município. Até os salários já começam a sofrer atrasos, segundo ela informou.
Também não é para menos que as
dificuldades batem à porta. Abaré é um município pequeno, mas tem estrutura de
cidade grande na organização do poder executivo. São dez secretarias, além da
chefia de Gabinete do Prefeito. E com tanta secretaria inoperante, não foi
difícil Roberto Cabrini encontrar uma professora aterrorizada quando percebeu
que ele estava ali para mostrar as condições de sua escola. Comoveu-me o
depoimento de uma professora que disse estar sua escola em boas condições, com
alunos de várias séries numa mesma sala de aula, transportados por um barco
candidatíssimo a um naufrágio, e que não sabiam, mesmo no 5º ano, escrever a palavra
“pequena”, grafavam “picena”.
Enquanto isso, o barco cedido
pelo governo federal estava ancorado na casa do prefeito de fato, o coronel
Delísio. Curioso é como isso acontece debaixo das barbas da Justiça, do
Ministério Público. Meu Deus, por onde andam os Juízes, os Promotores? Será que
precisaremos chegar a uma guerra para que se faça justiça? E não me venham com
essa de dizer que o Delísio Oliveira é fruto da decisão da maioria dos abareenses
e que cada povo tem o governo que merece. Não se pode exigir consciência dos
despossuídos quando os agentes públicos de todos os poderes exploram esta falta
de consciência. Ainda bem que temos a imprensa. Sim, porque não esperemos pelo
governo do estado ou pelo governo federal. Eles querem os votos que Delísio
Oliveira vai conseguir para eles. A última coisa que farão é lutar para colocar
este coronel no seu devido lugar: na cadeia!
Para ver toda a reportagem do
Conexão Repórter, com Roberto Cabrini, sobre Abaré, dê um clique aqui.