Casal é flagrado transando nos degraus
de acesso do Copan, em SP
ROBERTO DE OLIVEIRA – da Folha de
São Paulo
Edifício famoso do centro de São Paulo parece estimular o apetite sexual!
(foto: armonte.wordpress.com)
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Quanto vale uma transa? Nas
escadarias de um dos edifícios mais populosos do Brasil, o Copan, custou R$
678. Esse é o valor da multa que a administração do prédio, um dos
cartões-postais paulistanos, emitiu ao proprietário de um apartamento do bloco
E, ocupado por imóveis de um quarto e quitinetes. O apê estava alugado. A
inquilina emprestou o imóvel para uma amiga do Rio de Janeiro. Esta recebeu um
casal de visitantes. Os dois se identificaram na portaria do edifício e pegaram
o elevador. Câmeras de segurança flagraram a saída deles, que, no lugar de
seguirem em direção ao apartamento, mudaram de rumo: foram para as escadas
externas de acesso ao terraço. Desconfiado, o segurança resolveu ir atrás.
Encontrou os dois lá no alto bem na "hora H". As câmeras pegaram o
casal arrumando as roupas. A transa rolou no último dia 27, às 22h20. Sob a
condição de anonimato, a garota que fez sexo na escadaria conversou com a
Folha. "Entrei numa área livre, não quebrei a porta, não incomodei
ninguém. Quando o segurança chegou, parei o que estava fazendo e fui
embora", conta. "É ridícula essa situação de moralismo, de patrulha
da vida alheia. Quem nunca transou num local público?" Oi? "Tá bom, a
diferença é que fui pega", diz. A garota, que mora no Rio, conta que já
pagou o valor da multa para a amiga inquilina. "Que chato! Ela foi
advertida. Temo por represálias."
VAQUINHA
Para tentar minimizar o estrago
na conta bancária, a garota da escada criou uma página chamada "peripécias
no Copan", no site Vakinha. Como o próprio nome indica, o vakinha.com.br é
usado por internautas para levantar uma grana para as mais variadas causas.
Nele, a carioca se identifica com o nome fictício de Alana Milesi, 25.
Escreveu: "Aprontei um pouco demais da conta e acabei recebendo uma multa
de R$ 678 por transar no último andar do Copan. Agora quero ver vocês pingarem
e ajudarem uma amiga que foi penalizada pelo universo apenas pelo fato de ser
'transona'". Até ontem à noite, a página tinha cerca de 9.000 visitas.
Balanço da "sacolinha"? R$ 20 --a confirmar. Comentários pipocaram
pela web. No próprio site: "Façam uma outra vaquinha para um motel, porque
nem nas escadas se pode transar em paz mais. Valeu e bom sexo". O assunto,
é claro, também caiu nas redes sociais. No Facebook: "Cobra do cara que te
catou... Pelo menos, 50%". No Twitter: "Multa por transar é
sacanagem". A garota está esperançosa. "Isso já deu tanta dor de
cabeça. Podiam ao menos dar uma contribuída. Fala sério, minha causa é
nobre", gaba-se. Para o síndico do Copan, Affonso Celso Prazeres de
Oliveira, 73, o ato "é simplesmente depreciativo". "Que foda
cara! Só dá para fazer piada", brinca. "E ainda na escada?" A
multa, explica Oliveira, é por desrespeitar às normas do prédio.
ANTECEDENTES
Projetado nos anos 1950 por Oscar
Niemeyer, o Copan enfrentou nos anos 1980 prostituição aberta nos corredores e
tráfico de drogas. O prédio só foi colocado nos eixos graças ao trabalho
incessante do síndico e também de quem vive por lá. Hoje, o edifício localizado
no centro de São Paulo abriga 2.038 moradores, que ocupam 1.160 apartamentos
distribuídos em seis blocos. "Quase ninguém aqui ficou sabendo dessa
história da transa, mas, depois que o caso foi parar no Vakinha, bombou",
conta Juliana Trento, 27, projetista, moradora do edifício. "Só se fala
disso." Vale lembrar, no entanto, que essa não foi a primeira vez que as
escadas do Copan tiveram uso indevido, Juliana. O síndico conta que, há três
anos, um morador, proprietário do imóvel, foi expulso do edifício por transar
nas escadas. Detalhe: duas vezes.