Playstation no serviço público? |
Os manifestos por todo o país já
deram algum resultado. Pelo menos em Brasília. Depois de construir o estádio
mais caro do País - estimado em R$ 1,2 bilhão - em uma cidade que não possui
equipes na elite do futebol brasileiro, o governo do Distrito Federal também
lançou uma licitação para comprar nada menos que 40 videogames da marca Sony,
modelo Playstation 3 Slim 3D. O objetivo da compra seria promover o controle do
estresse no serviço público? Ninguém sabe. Para piorar, o valor estimado no
processo é mais do que o dobro verificado nas avaliações de mercado. O aviso de
licitação foi suspenso às pressas após as manifestações que tomaram conta de
Brasília e do País - uma das bandeiras dos manifestantes é um maior rigor nos
gastos públicos com a Copa. Pelo edital - o aviso de licitação continua
disponível na página "e-Compras" da Secretaria de Estado de
Planejamento e Orçamento do Distrito Federal (Seplan) -, cada um dos 40 videogames
teria de ter dois controles e pelo menos um jogo. A compra de cada videogame
ainda incluiria, conforme a licitação, uma televisão de 32 polegadas com tela
de LED Full HD, além de 30 aparelhos "no-breaks", que são usados para
garantir o funcionamento temporário de equipamentos eletrônicos em casos de
queda de energia.
Comparação
Em sites de pesquisa e comparação
de preços, cada unidade do videogame nas especificações exigidas pelo governo
do Distrito Federal pode ser encontrada por R$ 800, enquanto os aparelhos
"no-breaks" da potência estipulada são vendidos por R$ 350. Já um
televisor do modelo pretendido na licitação custa R$ 900. Somados os valores de
todos itens que compõem o "kit", o preço mais baixo encontrado na
internet para o conjunto de equipamentos é R$ 43.400, mas o valor sugerido no
aviso de licitação é de R$ 100.780,87, mais do que o dobro. O processo de
licitação, que foi aberto no último dia 14, estava previsto para ser encerrado
somente no dia 27 deste mês. Procurado pelo jornal O Estado de S.Paulo, o
governo do Distrito Federal não informou a destinação dos equipamentos nem o
motivo da suspensão da licitação, decretada após as primeiras manifestações em
curso em todo o País. O recuo pode ter sido pela descoberta da irregularidade
ou, como é mais provável, por medo de denúncias.
As informações são do jornal O Estado de
S.Paulo.