Helga Cirino – de A TARDE
Professores estão acampados na ALBA há três meses (foto: Raul Spinassé / Agência A TARDE) |
O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL),
deputado estadual Marcelo Nilo (PDT-BA), ingressou com um pedido de liminar de
reintegração de posse do salão Nestor Duarte da instituição, ocupado desde 11
de abril por professores em greve. Ele também determinou a suspensão do
fornecimento de luz e água para os acampados. O pedido, que foi entregue à
Justiça no final da tarde de segunda-feira, 17,
deverá ser julgado pelo desembargador Ruy Eduardo Brito, titular da 6ª
Vara da Fazenda Pública. Dentre os argumentos utilizados pela presidência da AL
para a desocupação do prédio está a
necessidade de preservação do patrimônio público e o cuidado com a integridade
fisica das pessoas que transitam pelo local. Os professores prometem resistir.
“Nós não vamos recuar. Resistiremos custe o que custar”, disse o coordenador do
Sindicato dos Trabalhadores em Educação (APLB), Rui Oliveira. Na quarta, 18, a
categoria se reúne em assembleia, às 9 horas. Logo após segue em caminhada até
a sede do Ministério Público da Bahia
(MP-BA). O objetivo é entregar uma
contraproposta ao que foi oferecido pelo governo na reunião intermediada pelo
MP-BA, ocorrida na última quinta. Em nota, divulgada na noite de segunda, o
MP-BA e o Tribunal de Justiça (TJ) afirmaram que já fizeram tudo o que foi
possível para intermediar a greve. Ou seja: para estas instituições sua
participação na fase de mediação está encerrada (veja nota na íntegra).
Redes sociais - A informação de que o presidente da AL
pretendia uma investida contra os acampados começou a circular nas redes
sociais já na manhã de segunda. A tensão entre os professores se intensificou
quando Nilo, em entrevista a uma rádio de Salvador, deu um prazo aos
professores para desocuparem o prédio até às 17 horas de segunda. “Greve é
direito adquirido de todo o trabalhador. Agora, tudo tem limite. São 93 dias
acampados aqui na Assembleia. O ar condicionado, por exemplo, está funcionando
ininterruptamente. A Casa precisa voltar à normalidade”, disse Nilo. De acordo
com o presidente, a assessoria da presidência da AL tentou contato com a
direção da APLB mas até às 18 horas não obteve retorno. “A casa é do povo. É
espaço para elaborar as leis do Estado e fiscalizar o executivo. Não é do
sindicato para que uma pequena parte dos professores fiquem acampados. Eu serei
obrigado a atender o pedido dos servidores e da maioria esmagadora dos
deputados que quer a normalidade”, argumentou o presidente.
Encontro - No início da noite, o comando de greve chegou a
se reunir com o presidente para pedir que ele desistisse do pedido de
reintegração. Mas, pouco depois das 17h, o procurador da AL, Graciliano Bonfim,
já havia ingressado com o pedido de liminar no Tribunal de Justiça (TJ). Quanto
à possibilidade da utilização de força policial para retirada dos professores,
Marcelo Nilo disse que não deseja chegar a este ponto. “Não quero usar meios policiais, mas tenho
responsabilidade com meus servidores”, disse. Já os professores insistem na
ocupação. “Estamos aqui dando uma prova de cidadania. Não fomos comunicadas por ninguém da Justiça,
então continuamos”, afirmou Edenice Santana, do comando de greve.