Por Patrícia Conceição e Rodrigo
Aguiar – do Bahia Notícias
foto: Patrícia Conceição |
Em assembleia realizada nesta
terça-feira (12), os professores estaduais decidiram mais uma vez por
unanimidade manter a greve. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em
Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, apresentou a contraproposta do
comando de greve, que mantém a reivindicação de reajuste salarial de 22% e pede
a revogação da Lei 12.578. Segundo explicou ao Bahia Notícias a diretora da
APLB Marilene Betros, a entidade aceita o parcelamento do valor, desde que seja
pago até o final do ano. “Queremos também que o reajuste contemple todos os
segmentos da categoria, como pensionistas e aposentados. A Lei 12.578
transforma os salários em subsídios, retirando vantagens históricas da
categoria”, protestou. Além da contraproposta, também foi apresentado um
calendário de atividades do movimento grevista até o início da próxima semana.
De acordo com a programação, ainda esta manhã um grupo de docentes seguirá em
passeata até a Secretaria de Educação do Estado, também localizada no Centro
Administrativo da Bahia (CAB). Pela tarde, está prevista uma reunião na
Assembleia (AL-BA). Na quarta (13), o sindicato promete participar da festa de
Santo Antônio que acontece na sede do Legislativo Baiano. O calendário ainda
incluiu um grande ato no Iguatemi às 9h desta quinta (14) e uma "feira da
resistência" na Praça da Piedade na sexta (15), onde os professores
comercializarão produtos para arrecadar dinheiro. No mesmo dia, o grupo
pretende realizar um forró de protesto na AL-BA. O comando grevista volta a se
reunir na próxima segunda (18) e outra assembleia-geral da categoria ocorrerá
no dia seguinte. “Se houver antes disso uma proposta do governo, faremos uma
assembleia extraordinária”, declarou Rui Oliveira. “O inimigo não está aqui. O
inimigo está lá e nós temos que ter unidade para lutar contra ele”, completou o
dirigente, ao se referir à confusão ocorrida na assembleia.
Greve continua por decisão unânime (foto: Patrícia Conceição) |
A confusão foi u princípio de
briga aconteceu na manhã desta terça-feira (12) com empurra-empurra e confusão. Apontado como
suposto causador do tumulto, um homem foi retirado do local onde é realizada a
assembleia. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele se identificou como Jaime
Ribeiro e disse ser professor da Escola Parque. “Eu e um colega criamos o grupo
Educadores do Estado da Bahia e fazemos oposição à direção da APLB. Eles estão
defendendo um acordo que não nos beneficia. Não estão respeitando a base a agem
de forma antidemocrática”, acusou Ribeiro, que afirmou não ter causado a briga.
Segundo ele, a tensão foi provocada por uma matéria do jornal A Tarde que
revelava a insatisfação de membros da categoria com o direcionamento da greve.
Presente à assembleia, a professora Francisca Oliveira fez coro às críticas
contra o comando grevista. “Temos dificuldade em lançar qualquer tipo de
proposta aqui na assembleia. Eles estão manipulando para aprovar a proposta
deles sem ter chance de ouvir outras”, acusou.
Professores caminham para a SEC. (foto: Patrícia Conceição) |
A confusão travada na
assembleia-geral dos professores da rede estadual de ensino, na manhã desta
terça-feira (12), ocorreu no estacionamento da sede do Legislativo baiano. O
grupo do “deixa disso” conseguiu dissipar o conflito. O integrante da ala de
oposição à gestão do sindicato da categoria (APLB) considerado pivô da rebelião
foi “gentilmente” convidado a retirar-se da reunião, para que, enfim, fosse
iniciada a votação sobre a continuidade do movimento. Em entrevista ao Bahia
Notícias, Alexandro de Sousa, docente de educação física da Escola Zumbi dos
Palmares, no bairro de Tancredo Neves, em Salvador, defendeu a entidade de
classe das acusações de que seria “antidemocrática”. “Tem um grupo que não
participa de forma efetiva da mobilização, não ocupa a Assembleia e não
contribui na organização dos eventos. Eles espalham boatos de que a APLB quer
acabar com a greve. Para mim, é um grupo que gera dúvidas sobre as verdadeiras
intenções dentro do movimento”, rebateu o professor. Segundo ele, os contrários
teriam motivação “partidária” e só querem “provocar tumulto”. Na APLB,
comandada majoritariamente pelo PCdoB, a facção oposta é representada pelas
siglas esquerdistas PSOL e PSTU.
Após decidirem pela manutenção
da greve, os professores estaduais que participaram de assembleia na manhã
desta terça-feira (12), na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), seguem em
passeata até a sede da Secretaria de Educação do Estado (SEC), o que já deixa o
trânsito congestionado no Centro Administrativo da Bahia (CAB), apesar de os
docentes caminharem pela faixa da direita na pista. Escoltado por três viaturas
da Policia Militar (PM), o grupo já deixou o estacionamento da sede do
Legislativo baiano e cresce à medida em que avança até a secretaria.