FLÁVIA FOREQUE, JOHANNA NUBLAT,
KELLY MATOS e NATUZA NERY – da Folha de São Paulo
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Política Federal em Greve (Foto:
Daniel Marenco) |
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Servidores fazem enterro simbólico do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, em protesto por reajuste salarial (foto: Alan Marques) |
A greve dos servidores federais
ganhou ontem a adesão de policiais rodoviários e ameaça se tornar a paralisação
mais ampla do funcionalismo desde o começo do governo Lula (2003-2010),
desafiando a gestão da presidente Dilma Rousseff. Os números oficiais e do
movimento não batem. Nas contas sindicais, ao menos 27 órgãos federais foram
diretamente afetados, entre greves, suspensão temporária de trabalho ou
operações-padrão. As paralisações já prejudicam o cotidiano da população.
Ontem, pelo menos oito estradas ficaram congestionadas por causa de uma
fiscalização intensa de veículos. Aeroportos e até a área da saúde, com a
retenção de remédios importados em depósitos, estão sendo afetados.
Universidades federais estão paradas há quase três meses. Ontem, em Brasília,
grevistas tentaram subir a rampa do Palácio do Planalto, mas foram contidos por
policiais. Até agora, o governo negocia apenas com funcionários de
universidades federais.
VAIAS
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Fiscalização de agentes da PRF na ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR), provoca lentidão na fronteira com o Paraguai (foto:
Reprodução/Yfrog/Fenapef) |
O ministro responsável por
negociar com movimentos sociais, Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), foi
vaiado e chamado de traidor em um congresso por manifestantes da CUT, tradicional
braço sindical do petismo. "Traidor, traidor", ouviu. "A greve
continua. Dilma a culpa é sua!". Carvalho discutiu aos gritos com a
plateia. Ao fim, o presidente da CUT, Vagner Freitas, comentou: "Se eu
fosse presidente, destituía o ministro." "Houve greves grandes, mas
eram concentradas em um setor. Essa tende a se ampliar", disse Artur
Henrique, dirigente da CUT. Servidores fazem enterro simbólico do diretor-geral
da Polícia Federal, Leandro Daiello, em protesto por reajuste salaria. A
decisão do governo de punir grevistas com descontos e não conceder reajustes
acirrou os ânimos. Outra medida que desagradou servidores foi um decreto, de
julho, facilitando a troca de grevistas por funcionários estaduais e
municipais. Para os sindicatos, há mais de 300 mil funcionários parados entre
os 573 mil servidores. O Ministério do Planejamento diz que isso é irreal.
"Se fosse tal como é dito, teríamos o serviço totalmente comprometido, e
não está. Há pouquinha gente parada e muita fazendo barulho", disse o
secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça. Ele refuta o status de
pior greve dos últimos anos e lembra paralisações nos governos Lula e FHC, mas
o governo diz não saber quantos servidores estão parados. O país
"enfrentou momentos difíceis" com greves antes, disse. Também
repercutiu mal entre sindicalistas e setores do governo a afirmação do secretário
do Tesouro, Arno Agustin, dizendo que a greve acabaria no dia 31, com o envio
do Orçamento de 2013 para o Congresso, o que encerraria a possibilidade de
negociação salarial. "Nós entendemos que a crise [internacional] é grave.
Mas, diante da crise, tem que flexibilizar o superávit primário [economia para
pagar juros da dívida] e recuperar carreiras", disse Artur Henrique.