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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Bom Jesus da Lapa - Cidades do Velho Chico 17

Bom Jesus da Lapa faz parte da mesorregião do Vale São-Franciscano da Bahia e da microrregião que leva o seu nome. Para se chegar ao município, trafega-se pelas BA 161 e 160, e pelas BRs 349 e 430. A cidade fica distante de Salvador por 796 kms e a 672 kms de Brasília. Ocupa uma área de 4.115,524 km², abrigando uma população de 65.550 pessoas, censo de 2022, com uma ocupação de quase 16 pessoas por km². Bom Jesus da Lapa faz limites com os municípios de Paratinga, Riacho de Santana, Malhada, Macaúbas, Serra do Ramalho e Sítio do Mato. É considerada a Capital Baiana da Fé e o terceiro centro de turismo católico mais visitado do Brasil. Mas como surgiu tudo isso? Neste episódio de Cidades do Velho Chico conheceremos a história de Bom Jesus da Lapa.

A região de Bom Jesus da Lapa era habitada pelos índios tapuias. O desbravamento do território iniciou-se no final do século XVII pelas bandeiras organizadas pelo mestre de Campo Antônio Guedes de Brito, proprietário da sesmaria da Casa da Ponte. Com a penetração bandeirante nasce a fazenda Morro, origem do povoado Bom Jesus, que logo depois passou a ser Bom Jesus da Lapa. Doze anos depois de chegar à Bahia, o português Francisco Mendonça Mar, que trabalhava como ourives e pintor, depois de cumprir penitência, despojou-se de todos os bens e veio caminhando pelo sertão, conduzindo uma imagem do Senhor Bom Jesus, até encontrar uma aldeia de índios tapuias, situada entre o morro e o rio. Instalou-se na gruta mais oculta no ano de 1791 e foi encontrado por garimpeiros, que espalharam a notícia da existência de um homem santo que habitava uma gruta. Daí em diante, o morro passou a ser ponto de afluência de peregrinos e aventureiros que ali se estabeleceram, formando o povoado. 

O Monge construiu, ao lado do Santuário, um hospital e um asilo para os pobres e doentes. Com um número cada vez maior de peregrinos a busca de curas, Bom Jesus da Lapa começou a crescer e a se desenvolver. Em 1890 passou à condição de município com a denominação de Bom Jesus da Lapa, por Lei publicada em 18 de setembro daquele ano, desmembrado do município de Urubu, atual Paratinga, com instalação ocorrida em 7 de janeiro de 1891. A condição de cidade só ocorreu em 31 de agosto de 1923. A área do município era bem maior e abrigava os distritos de Sítio do Mato e Gameleira da Lapa, hoje já emancipados. Atualmente, o município conta com dois distritos: a sede e Favelândia.

Mas a grande atração de Bom Jesus da Lapa é a beleza natural da formação rochosa, que abriga todo o santuário. O morro fica à margem direita do São Francisco, formado por um bloco de granito e calcário com quinze grutas em seu interior e fendas estreitas. Já o território do município contrasta com o morro porque é quase todo plano, surgindo, de vez em quando, no meio das planícies ou tabuleiros, alguns poucos morros. Numa votação feita em todo o país, foi denominada de Primeira Maravilha do Brasil. Isso talvez justifique os mais de 300 anos de romaria que fazem ao local. Claro que a base econômica é o turismo religioso. Mas isso não é tudo. Bom Jesus da Lapa tem forte agricultura, bom comércio e atividade pesqueira ao longo do rio São Francisco. Vale lembrar que há intensa agricultura irrigada, abrigando a 2ª maior atividade de irrigação da Bahia, o Projeto Formoso.

Bom Jesus da Lapa não é um lugar abençoado somente pela beleza do morro, mas também pela presença do Velho Chico. Durante muito tempo, os peregrinos chegavam nos diversos tipos de barcos. Ao rio o município deve sua povoação e também o peixe que alimentou gerações. Poucos lugares do Brasil reúnem tanta riqueza num só lugar. Por isso que Bom Jesus da Lapa não tinha como dar errado. A beleza do Velho Chico é somada à beleza natural das grutas do morro. Para completar, habita um povo trabalhador e cheio de fé, recebendo outros povos, de tantos outros lugares, com a mesma fé guiadora sempre para um mundo de harmonia no convívio entre todas as raças.