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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Canindé do São Francisco: Portal do Velho Chico!

Saindo de Santa Brígida, no nordeste baiano, é possível chegar ao município de Canindé do São Francisco por estradas vicinais. A opção por asfalto passa pela BR 110 até Paulo Afonso, depois pegando no sentido leste a rodovia BR 423 e depois a AL 220 e a 225 até Piranhas, que é o caminho mais longo. Outra alternativa é seguir pela BR 110 e, próximo a Paulo Afonso seguir pela BA 210 e adentrar em Sergipe pela SE 230 até Canindé. O caminho por Santa Brígida é o mais curto, mas boa parte é feita em estrada de barro batido. Depois de deixar a cidade, segue a BA 305 por 3 kms. Na bifurcação, tomar a esquerda numa estrada vicinal que nos levará até o Riacho do Minuim, divisa natural entre os dois estados, num percurso de aproximadamente 11 kms. Depois da passagem do riacho, já estamos no município sergipano de Canindé do São Francisco. Ainda seguindo por estrada de barro batido, 14 kms depois chega-se ao cruzamento com a rodovia SE 310, ainda sem asfaltar, que vai em sentido norte para o povoado de Curituba. No local do cruzamento fica a comunidade de Lagoa do Frio. Deve-se seguir sempre no sendo leste por mais 8 kms e encontrar a SE 230. Esta rodovia se encontra em perfeito estado e chega-se a Canindé 10 kms depois sem maiores problemas.

Canindé do São Francisco está localizado no extremo noroeste do estado de Sergipe, distante 213km de Aracaju. É o portal de entrada para os passeios nos cânions do rio São Francisco. Sua população beira os 32 mil habitantes e já foi cenário para várias produções da Rede Globo, inclusive Amores Roubados, Cordel Encantado e a inesquecível Velho Chico. Para os turistas do Rio São Francisco, há uma orla fluvial denominada Salomão Porfírio Britto, cenário de uma das mais belas paisagens do rio que divide Sergipe de Alagoas. Além disso, há visitações guiadas para a Usina Hidrelétrica de Xingó e seu Museu de Arqueologia.

Mas toda localidade tem sua história e Canindé do São Francisco está ligada ao morgado de Porto da Folha. O território teve sua penetração através do rio Curituba em 1629. Apesar disso, no final do século 19 só havia quatro fazendas no território. Foi aí que Francisco Cardoso de Brito Chaves, conhecido por Coronel Chico Porfírio, comprou ao capitão Luiz da Silva Tavares o referido morgado construindo nele a sede da fazenda e um curtume de couro em sociedade com o Coronel João Bernardes de Brito, chegando o mesmo a ser mecanizado, fato que contribuiu para formação do povoado.

Em 7 de novembro de 1899, pela Lei estadual nº 368, o povoado foi elevado à sede de Distrito de Paz. Só que esta Lei foi revogada. Somente pelo Decreto-Lei nº 69, de 28 de março de 1938, foi restabelecida a condição de sede de distrito. Já a Lei estadual nº 525-A, de 25 de novembro de 1953, elevou o povoado à cidade e sede do município de Curituba, o qual foi instalado em 6 de fevereiro de 1955.

Canindé do São Francisco fazia parte da sesmaria de 30 léguas de terras, concedidas aos Burgos, família da Bahia chefiada pelo desembargador Cristóvão Burgos e Contreiras - que lhes foi doada em 1629 pelo governador de Pernambuco, D. João de Souza. Essas mesmas terras pertenceram depois ao Morgado de Porto da Folha, instituído por Antônio Gomes Ferrão Castelo Branco. Conforme registro na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, nos tempos do Brasil Colonial, o território de Canindé foi devassado pela cobiça das bandeiras. Mas, por causa da seca que sempre castigou toda a região sertaneja, os primeiros desbravadores acabaram perdendo o interesse pelas terras, apesar da grandeza do Rio São Francisco.

Mas a cidade sempre apresentou duas partes. A mais alta era chamada de Canindé de Cima, onde havia algumas taperas pertencentes aos pescadores João e José Alves, Ota, José de Terto, Libório, Antônio Fininho, Neco de Carlota e a outras famílias. Na de Baixo, onde foi implantado o curtume, surgiram várias casas, transformando a povoação numa das mais importantes da beira do Velho Chico. Em 1936, a comunidade já contava com 120 casas e uma capela. Por isso ganhou a condição de 2º Distrito de Paz de Porto da Folha. Por volta de 1940, o curtume foi desativado, causando enorme prejuízo à vila, mas não impediu sua caminhada para a emancipação com o nome de Curituba. Hoje, Curituba é o nome de um povoado pertencente ao município. O primeiro nome oficial do município não foi muito bem recebido pelo povo. Por isso, em 1958, a lei nº 890, de 11 de janeiro, devolveu ao município seu nome de origem indígena, que significa arara e papagaio, e passou a se chamar Canindé do São Francisco.