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Ádria, o último adeus!

Josefa de Jesus, 67 anos, assassinada pelo amor e pelo sistema!

Dona Josefa e Fábio. Vítima e assassino, mas o sistema também tem sua parcela de culpa. (Foto: Hora da Notícia PV)

O nome é bem comum em nossa região: Josefa. Para mostrar sua firme e forte crença no divino, seu sobrenome era Jesus, muito comum àqueles que nascem sem berço de família tradicional. Josefa de Jesus tinha 67 anos, destes temperados com as agruras de uma vida de luta. Sua existência já estava definida. Seria mais uma deste torrão a batalhar e a batalhar todos os dias. Cuidou de muita gente e já não pensava mais em felicidade. Com o dinheiro do aposento, dava para seguir adiante com um pouco de refrigério. Felicidade? Hum, vôte!

Mas um dia aparece em sua vida um tal de Fábio Barbosa Santos. Tinha idade para ser seu neto! Veio com umas gracinhas, umas conversinhas... Quando pensa que não, olha Dona Josefa de chamego com o rapaz. Mas ele só tinha 25 anos! Ora, bolas! E daí? A idade não pode ser empecilho para se buscar a felicidade e o amor. O problema é que muitos sabiam que o sujeito não era flor de se cheirar. Tinha saído da prisão por matar o próprio tio, em 2018, a facadas. Mas isso não significa que ele não possa ter encontrado o caminho da verdade e da vida. 

Josefa de Jesus não deu ouvidos. Tempos depois, percebeu que ela é que estava sustentando o sujeito. Embora reclamasse, sabia que a felicidade tem um preço. Ocorre que o que ela fazia por grado virou uma exigência do amante. E não tinha esse negócio de mimimi não. Queria a grana e ela tinha que dar. Cinco meses depois, Dona Josefa não mais aguentou e bateu o pé. Fábio ameaçou matá-la e cumpriu com a promessa. Na tarde desta quinta-feira, dia 02 de dezembro, um corpo jazia numa casa do conjunto Pedro Valadares, em Poço Verde. Dona Josefa de Jesus foi morta a machadadas desferidas em sua cabeça.

Os policiais civis e militares de Poço Verde prenderam Fábio três horas depois, em flagrante, ainda no município sergipano. O delegado Wellington Júnior disse que a vítima estava deitada na cama quando foi assassinada. Também afirmou o delegado que o feminicida tinha saído do sistema prisional há cerca de seis meses. Fábio não foi recuperado pelo sistema e precisa passar o resto da vida na cadeia para não matar novamente. O sistema não pode tudo, mas a “bondade”, ou falta do cumprimento da lei ao pé da letra, ajudou a tirar a vida de Dona Josefa de Jesus. E que não se use isso para justificar a adoção da pena de morte. Falta rigor! As leis são razoáveis, mas há muitas portas abertas para a frouxidão da aplicabilidade delas, determinada por juízes garantistas.

Parece ficção? Mas é a pura realidade!