Exclusivo!

Ádria, o último adeus!

Iggor e Mendonça: o que há de comum nas duas administrações?

Apesar do uso do mesmo processo para se elegerem, há diferenças
no modo de uso dos recursos públicos. (Foto/montagem: Contraprosa)

O portal Contraprosa está fazendo um estudo profundo de como o dinheiro público é gasto em nossa região. Tal estudo levará em conta o primeiro ano das administrações de cinco cidades da nossa região social e geográfica. Não vamos ainda divulgar números porque o estudo está no início e contará com o aval de contadores, advogados e políticos. Será um documentário escrito, filmado e divulgado nos meses inicias de 2022 e poderá ser dividido em partes. Para que o leitor tenha noção do que estamos preparando, pegamos o exemplo da compra e/ou aluguel de carros para os municípios de Heliópolis-BA e Poço Verde-SE.

A bem da verdade, as duas administrações têm caracteres em comum. Ambos os prefeitos eleitos tiveram seus financiadores de campanha, empresários ricos que querem, com o carimbo do poder público, ficar ainda mais ricos. Para tanto, promoveram nítida compra de votos. A coisa foi tão escandalosa, tão a olho nu, que chega a ser um absurdo todos enxergarem, mas ninguém denunciar. Na verdade, é um grande negócio e muitos não querem abolir. Afinal, quem paga mesmo é o município, ou melhor, todos nós que ficamos sem os serviços que poderiam ser proporcionados pela grana desviada.

Mas, no estudo que estamos fazendo, já há pelo menos uma coisa que diferencia a administração do prefeito José Mendonça, em Heliópolis, da de Iggor Oliveira, em Poço Verde. No dia 9 de fevereiro, a prefeitura de Heliópolis contratou uma empresa para fornecer veículos diversos, com motoristas, para atender demanda na secretaria de saúde. O valor do contrato, para apenas três meses, é de pouco mais de 251 mil reais. Se levarmos em conta que um automóvel com motorista, em nossa região, tem custo médio de 5 mil reais mensais, dá para alugar cerca de 17 carros. Curioso é que a lista com os veículos jamais apareceu, embora não seja esse o objeto desta reportagem.

Em Poço Verde, com valores bem próximos, o prefeito adquiriu 5 veículos para atender a secretaria de saúde. Estes veículos, se bem cuidados, durarão tranquilamente 5 anos. Os gastos com manutenção, condutores e outros serviços devem compensar largamente os valores de locação por todo este período. Está claro que Iggor Oliveira aplicou melhor os recursos da sua municipalidade, mas o que justifica então o uso tão diferente dos recursos, se são tão parecidos no modo de fazer política?

Um dos motivos da aplicação diferente dos recursos está numa entidade chamada Ministério Público Estadual. O MP de Sergipe é mais atuante e pega mais nos pés dos prefeitos. Heliópolis depende da atuação do MP de Cícero Dantas. Não sei como os procuradores atuais estão agindo em nossa região e nem posso emitir, por enquanto, juízo de valor. Entretanto, não me sai da cabeça uma audiência que tive certa vez, quando respondi a processo sobre denúncias que fiz aqui neste portal. Lá, vi um promotor implorando para que eu pedisse desculpas por ter divulgado uma série de desvios de um prefeito. Sim, o promotor atuava a favor do prefeito, exatamente como Augusto Aras faz com o presidente.

Também não me sai da cabeça a atuação da vereadora Ana Dalva contra a administração Walter Rosário. Todas as denúncias feitas no MP baiano foram arquivadas. Quase todas feitas no MP Federal foram apuradas e contribuíram para a realização da Operação 13 de Maio, embora os efeitos só ficaram visíveis depois que o prefeito já não estava mais no cargo. Ou seja, criticamos muito os políticos, mas boa parte das desgraças deste país ocorrem por falta da atuação dos órgãos de fiscalização. Afinal, quando o fiscalizador ou protetor não estão atuando, as raposas invadem o galinheiro. E isso Mendonça sabe como é.