Brasil ocupa último lugar em tratamento dispensado ao professor (foto: Wilson Dias/Agência Brasil) |
A reportagem foi publicada no
portal de Veja, datada de 8 de novembro, assinada pela jornalista Bruna
Motta, e se baseia em pesquisa da Varkey Foundation. Nela há uma constatação:
pioramos! O país passou de penúltimo para último lugar entre as 35 nações
avaliadas. Quem lidera o índice é a China.
Segundo a pesquisa da instituição
beneficente de ensino global Varkey Foundation, divulgada nesta quarta-feira
(07), o Brasil é o país que mais desvaloriza o professor entre as 35 nações
avaliadas. O Índice Global de Status de Professores teve sua estreia em 2013 e
também mostrava uma posição desconfortável do Brasil: penúltimo lugar. Desta
vez, está em último. As informações são baseadas em análises de opinião
realizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social da Inglaterra
(National Institute of Economic and Social Research) com mais de 35.000 adultos
na faixa etária dos 16 aos 64 anos e mais de 5.500 professores ativos em 35
países.
A pesquisa mostra que 9 em cada
10 brasileiros acreditam que não há respeito por parte dos alunos aos seus
professores. É o menor número entre os 35 países pesquisados. Outro tema
apresentado foi a carga horária semanal dos profissionais em sala de aula, onde
a pesquisa aponta o desconhecimento do público em relação ao tempo gasto pelos
mestres. De acordo com o índice, os professores brasileiros têm uma carga
horária semanal muito maior do que se pensa — 47,7 horas semanais, enquanto o
brasileiro julga ser 39,2 horas no período.
“Os professores são contratados
para 10h/16h semanais. Isso o obriga a dar aulas em diferentes redes ou criando
profissões paralelas”, afirma Claudia Costin, professora universitária e
ex-secretária de Educação no Rio de Janeiro. Segundo a especialista, seriam
necessários contratos de 40 horas semanais, o que criaria um ambiente adequado
para os profissionais planejarem suas aulas, participarem de grupos
colaborativos com outros profissionais e também estreitarem a relação com os
alunos.
Ainda de acordo com o
levantamento, a maioria dos entrevistados brasileiros afirma que a profissão
mais comparável a de professor é a de bibliotecário. Na China, líder no índice,
Rússia e Malásia, os mestres são mais comparáveis a médicos. Costin explica que
a diferença do Brasil para os países que valorizam o profissional de educação
vai além dos baixos salários, que tornam a profissão menos atrativa. “Não temos
exigências altas no Brasil. Os alunos piores no Enem vão para o curso de
professor. Lá fora é dificílimo se tornar professor, o que dá prestígio a
profissão”, diz.