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Forró das Gringas no São Pedro de Heliópolis 2018 (foto: Landisvalth Lima) |
É preciso estar muito com cara
cheia para não perceber que já não há mais dia superior ou inferior no São
Pedro de Heliópolis. Apesar das críticas infundadas sobre as bandas
contratadas, o nível foi infinitamente superior ao ano anterior. Se em 2017 o
destaque foi Mastruz com Leite, este ano fica quase impossível apontar um
vencedor. Até bandas de estrutura menor se mostraram mais ousadas. Neste
domingo, terceira e última noite, teve de tudo um pouco.
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Zé de Airton, Brasas do Forró, recebido pelo pessoal da produção (foto: Landisvalth Lima) |
Começa o espetáculo com o pessoal
do Império da Sofrência que levou sua proposta com uma qualidade sonora muito
superior. É o melhor momento da banda e com espaço para crescer ainda mais. Na
sequência vieram as meninas do Forró das Gringas. O ponto alto da banda é sua
cantora. Winnie tem uma voz extraordinária. Um músico que estava no palco disse
que era “voz de cd”. Além disso, o inglês é perfeito, além de mandar ver no
espanhol. A especialidade da banda é forrozear músicas do inglês e espanhol. É
um show de alta qualidade, apesar de haver muitos espaços em brancos entre as
músicas. Foi também divino quando crianças foram chamadas ao palco para dançarem.
Dois momentos ótimos foram com ”Despacito” e o encerramento com “Frevo mulher”,
de Zé Ramalho.
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Adma, Raphael e Diego, as vozes de Limão com Mel (foto:divulgação) |
Para esperar a banda Brasas do
Forró se arrumar direito, foram chamados ao Os barões do Forró, banda da casa.
Em ritmo de pisadinha, não deixaram o bom público esfriar. Quando Brasas do
Forró, lá de Fortaleza, entrou em cena, o forró eletrônico subiu de tom. Para
quem não sabe, a banda cearense é a pioneira do gênero forró eletrônico. Surgiu
em 1989 e costuma misturar forró com fandango e vaneirão. Uma de suas músicas
de sucesso é, inclusive, "Tão pedindo um vaneirão". Seu líder e
criador é o sanfoneiro Didi, ou Ivanildo Façanha. Assum Preto e Zé Airton, os
vocalistas, parecem que nasceram para cantarem juntos. Uma sintonia de vozes
perfeita. Não deixam a peteca cair. Foram programados para sacudir corpos.
Impecáveis!
O dia ainda não havia amanhecido
quando Limão com Mel iniciou seu show. Já sem Batista Lima, e com a afinado
trio Diego Rafael, Adma Andrade e Raphael Marrone, a banda parece que descobriu
o avanço de vários outros ritmos ameaçando a hegemonia do forró eletrônico,
principalmente no período de festas juninas. Daí, assistimos a um desfilar de
ritmos adaptados ao forró. Aquilo que Sandrino Ferraz apresentou na sexta-feira,
no 1º dia, parece se consolidar como uma tendência. Tudo virará forró
eletrônico. Todos os ritmos, de todas as tribos. Isto dará oxigênio a estas
bandas por mais algumas décadas. É bom lembrar que Limão com Mel está fazendo
25 anos. Se continuar com shows como este, seu tempo será o futuro.