Sergipe lidera como o mais violento estado brasileiro, em dados de 2016 (foto: G1) |
O Brasil atingiu a taxa de 30
assassinatos para cada 100 mil habitantes, em 2016, um feito inédito na nossa
história. Segundo o Atlas da Violência 2018, com base em dados do Ministério da
Saúde de 2016, chegamos aos 62.517 homicídios. A taxa chegou a exatos 30,3, que
corresponde a 30 vezes a da Europa. Antes de 2016, a maior taxa havia sido
registrada em 2014, com 29,8 por 100 mil habitantes. Desta vez, dois estados do
Nordeste se destacam: Sergipe, com a maior taxa de violência, que chega a 64,7,
e o Rio Grande do Norte, com o maior crescimento percentual (alta de 256,9%, de
2006 para 2016).
Se a taxa que mais cresceu foi no
Rio Grande do Norte, a que a mais caiu foi a do estado de São Paulo (queda de
46,10%). A variação é grande entre os estados. Apenas sete unidades da
federação conseguiram reduzir o índice: São Paulo, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná e Distrito Federal. Outros quatro
estados tiveram altas acima de 100%: Tocantins, Maranhão, Sergipe e Rio Grande
do Norte. Depois de Sergipe, a maior taxa está com Alagoas, 54,2 e Rio Grande
do Norte, 53,4. No Nordeste ainda merecem destaques Pernambuco, 47,6, Bahia
46,9, e Ceará, com 40,6 por cada 100 mil. Já São Paulo tem taxa de 10,9, Santa
Catarina, 14,2, e Piauí, com 21,8.
Segundo o estudo, elaborado pelo
Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nos últimos dez anos, 553
mil pessoas perderam a vida vítimas de violência no Brasil. Em 2016, 71,1% dos
homicídios foram praticados com armas de fogo. Fazendo coro com o surto de
violência dos últimos dias, em especial no Nordeste, o Ipea acaba de divulgar
que os 62.517 homicídios representam 171 mortes violentas por dia. Só numa
guerra isto acontece. Ou seja, é como se derrubassem por dia um Boeing 737. Os
assassinatos respondem por 56% das mortes de jovens do sexo masculino entre 15
e 19 anos. De 20 a 24 anos, esse índice é de 46%. A proporção cai para menos de
5% da população masculina a partir dos 45 anos de idade. O documento diz ainda
que, nos últimos 10 anos, a taxa de homicídios de negros aumentou 40,2% e a de
não negros caiu 6,8%.