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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Políticos diplomados e sistema falido

                                                        Landisvalth Lima
Santaninha, o prefeito Ildinho e dr. Paulo Henrique na diplomação dos eleitos
(foto: Landisvalth Lima)
Fui à diplomação dos eleitos dos municípios de Heliópolis, Banzaê e Ribeira do Pombal. A solenidade de diplomação ocorreu no Salão do Júri do Fórum de Ribeira do Pombal, sede da 110ª Zona Eleitoral, na última segunda-feira (19). Estava mais acompanhando Ana Dalva que disposto ao evento. Mas foi uma frase do Juiz, dr. Paulo Henrique Santos Santana, que me despertou para uma análise mais profunda, não só da artificialidade necessária da solenidade, como da artificialidade persistente dos agentes públicos.
Dr. Paulo Henrique disse, logo na abertura, que, a partir dali, e principalmente após a posse em 1º de janeiro de 2017, cada agente público não poderia ser representante daqueles que os elegeram, mas de toda uma sociedade. Ou seja, Ildinho, em Heliópolis, é prefeito de todos. Ele não pode promover o calçamento de uma rua só nas casas dos que voltaram nele. O vereador não poderá lutar somente por sua comunidade, visando apenas Tijuco, Farmácia, Viuveira, Riacho, Tanque Novo ou Cajazeiras. Heliópolis, Ribeira do Pombal, Banzaê formam núcleos urbanos indissolúveis.
Mais ainda, após o processo eleitoral, devemos olhar para o caminho da unidade em torno de um só objetivo: a evolução do município. O que o dr. Paulo Henrique disse é o que está na interpretação literal da nossa Constituição. É o estado pleno, absoluto, senhor das nossas ações como membros de uma sociedade democrática, republicana, e norte orientador da prática constante das conquistas individuais e coletivas. Mas isso é o ideal, o distante. Diria até, o quase inatingível. O sistema político está podre e lança lama sobre os caminhos que nos querem levar ao paraíso.
Vou aqui usar alguns exemplos, todos eles sobre Heliópolis, porque conheço de cátedra. Na solenidade, foi diplomado um político que exigiu 40 mil reais do prefeito Ildinho para apoiá-lo em sua reeleição. Como agiria fazendo oposição ao futuro prefeito? Outro, e aí já não é mais segredo, teve a coragem de dizer que estava disposto a dialogar e que faria tudo para melhorar Heliópolis e tererê e tralalá. Na presidência da Câmara Municipal só fez perseguir e nem mesmo pagou os vencimentos dos próprios colegas. Descumpriu um preceito constitucional e fala em diálogo para melhorar sua cidade. Não respeita a Constituição, mas está aberto ao diálogo para ajudar a melhorar o município. Farsa de botequim de quinta.
E quem não ouviu um diplomado falar que seria o vice mais atuante da história de Heliópolis? Dona Vanda e Clóvis de Dulce devem ter ficados injuriados. Mas o recado não era para os que já morreram, era para um vivo. O alerta era para Ildinho. Uma espécie de “ou me dá o que quero ou sento no seu lugar!”. Não é à toa que já está com um vereador do seu partido em plena campanha para a presidência da Câmara Municipal. A coisa está tão explícita que, pela primeira vez na história, um vice teve mais importância na diplomação que o prefeito. Um veículo de comunicação só entrevistou o vice indesejado. Quem estava lá? Beto Moura. Até onde Gama Neves teve participação em tudo isso?  
Quem também não deixou a solenidade cair na mesmice foi o prefeito Ildinho. Disse, com poucas palavras, o que o Dr. Paulo Henrique havia chamado atenção antes: “Corrupção é a grande desgraça da administração pública.” E talvez venha daí a explicação do discurso de um vereador, todo ele centrado no “eu isso, eu aquilo”. Passou a ideia de conquista pessoal, agradecendo à família e aos amigos que ajudaram na jornada. Ninguém falou sobre as responsabilidades que os esperam, sobre os desafios, as mudanças necessárias, a correção de rumos. E aí entrou mais uma vez o Dr. Paulo Henrique retrucando a todos porque não se trata de uma conquista pessoal ou presente da sociedade. É, antes de mais nada, uma missão para o povo, com o povo e pelo povo. 
O Juiz foi certeiro, mas estamos cada dia mais longe deste ideal. O sistema está falido porque as pessoas não querem mudar comportamentos e atitudes. Numa certa cidade do interior, o prefeito foi reeleito sem gastar mais que o permitido pela Justiça Eleitoral. Praticamente não houve comícios. Cada vereador bancava seus santinhos, sua gasolina. Não precisou barganhar com a oposição e nem molhar a mão de vereador para ter seu projeto aprovado. Suas contas foram fiscalizadas e aprovadas pelos edis. Este lugar existe e pode ser reimplantado por aqui, mas todos precisamos mudar e isso tem que começar logo. Não dá para assistir mais cenas como a que aconteceu no povoado Tijuco na mesma segunda-feira (19). Enquanto os vitoriosos agradeciam a confiança, logo após a diplomação, uma garota gritava insistentemente “Ladrão! Ladrão!”. Era a filha de um político da oposição, que cobrou 150 mil reais pelo apoio ao prefeito e não foi atendido.
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