Landisvalth Lima
Santaninha, o prefeito Ildinho e dr. Paulo Henrique na diplomação dos eleitos (foto: Landisvalth Lima) |
Fui à diplomação dos eleitos dos
municípios de Heliópolis, Banzaê e Ribeira do Pombal. A solenidade de
diplomação ocorreu no Salão do Júri do Fórum de Ribeira do Pombal, sede da 110ª
Zona Eleitoral, na última segunda-feira (19). Estava mais acompanhando Ana
Dalva que disposto ao evento. Mas foi uma frase do Juiz, dr. Paulo Henrique
Santos Santana, que me despertou para uma análise mais profunda, não só da artificialidade
necessária da solenidade, como da artificialidade persistente dos agentes
públicos.
Dr. Paulo Henrique disse, logo na
abertura, que, a partir dali, e principalmente após a posse em 1º de janeiro de
2017, cada agente público não poderia ser representante daqueles que os
elegeram, mas de toda uma sociedade. Ou seja, Ildinho, em Heliópolis, é
prefeito de todos. Ele não pode promover o calçamento de uma rua só nas casas
dos que voltaram nele. O vereador não poderá lutar somente por sua comunidade,
visando apenas Tijuco, Farmácia, Viuveira, Riacho, Tanque Novo ou Cajazeiras.
Heliópolis, Ribeira do Pombal, Banzaê formam núcleos urbanos indissolúveis.
Mais ainda, após o processo
eleitoral, devemos olhar para o caminho da unidade em torno de um só objetivo:
a evolução do município. O que o dr. Paulo Henrique disse é o que está na
interpretação literal da nossa Constituição. É o estado pleno, absoluto, senhor
das nossas ações como membros de uma sociedade democrática, republicana, e
norte orientador da prática constante das conquistas individuais e coletivas.
Mas isso é o ideal, o distante. Diria até, o quase inatingível. O sistema
político está podre e lança lama sobre os caminhos que nos querem levar ao
paraíso.
Vou aqui usar alguns exemplos,
todos eles sobre Heliópolis, porque conheço de cátedra. Na solenidade, foi
diplomado um político que exigiu 40 mil reais do prefeito Ildinho para apoiá-lo
em sua reeleição. Como agiria fazendo oposição ao futuro prefeito? Outro, e aí
já não é mais segredo, teve a coragem de dizer que estava disposto a dialogar e
que faria tudo para melhorar Heliópolis e tererê e tralalá. Na presidência da
Câmara Municipal só fez perseguir e nem mesmo pagou os vencimentos dos próprios
colegas. Descumpriu um preceito constitucional e fala em diálogo para melhorar
sua cidade. Não respeita a Constituição, mas está aberto ao diálogo para ajudar
a melhorar o município. Farsa de botequim de quinta.
E quem não ouviu um diplomado
falar que seria o vice mais atuante da história de Heliópolis? Dona Vanda e
Clóvis de Dulce devem ter ficados injuriados. Mas o recado não era para os que
já morreram, era para um vivo. O alerta era para Ildinho. Uma espécie de “ou me
dá o que quero ou sento no seu lugar!”. Não é à toa que já está com um vereador
do seu partido em plena campanha para a presidência da Câmara Municipal. A
coisa está tão explícita que, pela primeira vez na história, um vice teve mais
importância na diplomação que o prefeito. Um veículo de comunicação só
entrevistou o vice indesejado. Quem estava lá? Beto Moura. Até onde Gama Neves
teve participação em tudo isso?
Quem também não deixou a
solenidade cair na mesmice foi o prefeito Ildinho. Disse, com poucas palavras,
o que o Dr. Paulo Henrique havia chamado atenção antes: “Corrupção é a grande
desgraça da administração pública.” E talvez venha daí a explicação do discurso
de um vereador, todo ele centrado no “eu isso, eu aquilo”. Passou a ideia de
conquista pessoal, agradecendo à família e aos amigos que ajudaram na jornada.
Ninguém falou sobre as responsabilidades que os esperam, sobre os desafios, as
mudanças necessárias, a correção de rumos. E aí entrou mais uma vez o Dr. Paulo
Henrique retrucando a todos porque não se trata de uma conquista pessoal ou
presente da sociedade. É, antes de mais nada, uma missão para o povo, com o povo
e pelo povo.
O Juiz foi certeiro, mas estamos cada dia mais
longe deste ideal. O sistema está falido porque as pessoas não querem mudar
comportamentos e atitudes. Numa certa cidade do interior, o prefeito foi
reeleito sem gastar mais que o permitido pela Justiça Eleitoral. Praticamente
não houve comícios. Cada vereador bancava seus santinhos, sua gasolina. Não
precisou barganhar com a oposição e nem molhar a mão de vereador para ter seu
projeto aprovado. Suas contas foram fiscalizadas e aprovadas pelos edis. Este
lugar existe e pode ser reimplantado por aqui, mas todos precisamos mudar e
isso tem que começar logo. Não dá para assistir mais cenas como a que aconteceu
no povoado Tijuco na mesma segunda-feira (19). Enquanto os vitoriosos
agradeciam a confiança, logo após a diplomação, uma garota gritava
insistentemente “Ladrão! Ladrão!”. Era a filha de um político da oposição, que
cobrou 150 mil reais pelo apoio ao prefeito e não foi atendido.
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