E agora, José? Perdido no seu próprio
egoísmo, Zé do Sertão, com seus últimos atos, encontra-se entre a volta
triunfal ou o ostracismo político.
Encontro na casa de Beto Fonseca. Presença do deputado Marcelo Nilo e do deputado Vando. Bombeiros de plantão. |
Malandro demais se atrapalha. O
pior cego é aquele que não quer ver. O maior mentiroso é aquele que acredita na
própria mentira. Escolha qualquer um destes provérbios populares e tente
visualizar a figura de Zé do Sertão. Há um casamento perfeito. O ex-prefeito,
ex-deputado, ex-esperança da região nordeste da Bahia, agora ex-vereador,
ex-mito e ex-grande articulista parece que não soube conviver com a baixa
popularidade, com o fim de um ciclo. Há pessoas que sabem muito bem a hora de
parar. Percebe o fim de uma safra, de uma era. Não é o caso de Zé do Sertão.
No sábado (09), o ainda vereador
em exercício realizou um ato de inauguração da sede do seu atual partido, o
PROS – Partido Republicano da Ordem Social. O nome pomposo do partido não
condisse com o fraco movimento. Vieram mais pessoas num ônibus enviado de
Salvador pelo partido que pessoas de Heliópolis no ato. Para completar a
história, seu maior aliado, o prefeito Ildinho, não foi sequer convidado. Beto
Fonseca ainda tentou ir para prestigiar os vereadores José Clóvis e Valdelício
Gama. Ao chegar perto, viu que era um ato de opositores.
Lá estavam Gama Neves, Giomar
Evangelista e outros recebendo honras prestigiosas. Não era ambiente para quem
estava de alguma forma atrelado ao governo municipal. O vereador José Clóvis logo
sentiu que seu lugar não era ali e foi cantar em outra freguesia. Preocupado
também ficou o vereador Valdelício, que se sentiu usado. Estava claro que José
Emídio jogava pesado com o intuito de forçar ser o vice de Ildinho, numa
espécie de ou dá ou eu desço do palanque. Só que o palanque era outro.
Agindo assim, Zé do Sertão
coloca um ponto final na história. Não há mais clima para uma composição com o
prefeito. Na mesma noite, o deputado Marcelo Nilo esteve na casa de Beto
Fonseca para uma reunião com o prefeito e demais lideranças. Percebeu que o
problema era maior e prometeu tentar apagar o incêndio. Já não há mais o que
fazer.
Com a saída do PROS da base de
Ildinho, há dois problemas: os vereadores José Clóvis e Valdelício. Eles
reafirmaram os seus apoios a Ildinho e ao grupo. Garantiram que o objetivo não
era dividir, mas ajudar Zé do Sertão a se fortalecer. Não imaginavam que ele
chegaria a este ponto. O vereador José Mendonça chegou a dizer que, se Gama
Neves garantisse a ida de Zé do Sertão, Valdelício e José Clóvis para a
oposição, apoiaria o candidato do DEM sem problemas. Os vereadores não gostaram
de ser moeda de troca.
José Clóvis e Valdelício reafirmam apoio a Ildinho |
Irredutível, o prefeito Ildinho
disse que não teria nenhum problema Zé do Sertão ser o vice, mas não do jeito
que ele articulou, nunca jamais sob pressão. Agora resta ao José Emídio ir
mesmo para a oposição ou aceitar ser candidato a vereador pelo grupo do
prefeito, caso os partidos queiram coligar-se com o PROS. Só se aposta é no
apoio que os opositores darão ao ex-deputado. Chegaram até a anunciar a uma
chapa com Mendonça e Naudinha. O pessoal ligado ao vereador nega veementemente.
Interessante é a nítida falta de
rumo da oposição. Pessoas que falavam cobras e lagartos de Zé do Sertão, agora
o colocam quase como o libertador de Heliópolis. Políticos que antes diziam que
não votavam em A ou B porque eram aliados de José Emídio, agora colocam fogo na
palha dizendo que Ildinho perdeu uma grande liderança. Ou seja, o diabo só
existe do outro lado de lá. Fato é que esta pode ter sido a última jogada
política de peso de Zé do Sertão. Sua glória depende da oposição. Uma
candidatura sua a prefeito, apoiado por Gama Neves, José Mendonça, Walter Rosário,
Giomar Evangelista e outros seria o seu retorno triunfal à política, mesmo com
derrota na eleição. Continuando no governo, o ostracismo será a serventia da
casa.