Lula, Palocci, Erenice, Fernando Pimentel e meio bilhão de reais
A reportagem de Thiago Bronzatto
publicada esta semana na revista ÉPOCA faz uma verdadeira devassa nas contas do
ex-presidente Lula e membros da alta cúpula do PT. Com o título de “Relatório
do Coaf mostra movimentações milionárias nas contas de Lula, Palocci, Pimentel
e Erenice”, o jornalista revela como o relatório da agência do governo de combate
à lavagem de dinheiro identificou quatro petista, entre outros, movimentaram
quase meio bilhão de reais em transações com indício de irregularidades
Há duas semanas, analistas do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras, mais conhecido pela sigla Coaf,
terminaram o trabalho mais difícil que já fizeram. O Coaf, subordinado
oficialmente ao Ministério da Fazenda, é a agência do governo responsável por
combater a lavagem de dinheiro no Brasil. Reúne, analisa e compartilha com o
Ministério Público e a Polícia Federal informações sobre operações financeiras
com suspeita de irregularidades. Naquela sexta-feira, dia 23 de outubro, os
analistas do Coaf entregavam à chefia o Relatório de Inteligência Financeira
18.340. Em 32 páginas, eles apresentaram o que lhes foi pedido: todas as
transações bancárias, com indícios de irregularidades, envolvendo, entre
outros, os quatro principais chefes petistas sob investigação da PF, do Ministério
Público e do Congresso.
Eis o quarteto que estrela o
relatório: Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, líder máximo
do PT e hoje lobista; Antônio Palocci, ministro da Casa Civil no primeiro
mandato de Dilma Rousseff, operador da campanha presidencial de 2010 e hoje
lobista; Erenice Guerra, ministra da Casa Civil no segundo mandato de Lula,
amiga de Dilma e hoje lobista; e, por fim, Fernando Pimentel, ministro na
primeira gestão Dilma, também operador da campanha presidencial de 2010, hoje
governador de Minas Gerais. O Relatório 18.340, ao qual ÉPOCA teve acesso, foi
enviado à CPI do BNDES. As informações contidas nele ajudarão, também,
investigadores da Receita, da PF e do MP a avançar nas apurações dos esquemas
multimilionários descobertos nas três operações que sacodem o Brasil: Lava
Jato, Acrônimo e Zelotes. Essas investigações, aparentemente díspares entre si,
têm muito em comum. Envolvem políticos da aliança que governa o país e grandes
empresários. No caso da CPI do BNDES, os parlamentares investigam as suspeitas
de que os líderes petistas tenham se locupletado com as operações de
financiamento do banco, sobretudo as que beneficiaram o cartel de empreiteiras
do petrolão.
Ao todo, foram examinadas as
contas bancárias e as aplicações financeiras de 103 pessoas e 188 empresas
ligadas ao quarteto petista. As operações somam – prepare-se – quase meio
bilhão de reais. Somente as transações envolvendo os quatro petistas
representam cerca de R$ 300 milhões. Palocci, por exemplo, movimentou na conta
corrente de sua empresa de consultoria a quantia de R$ 185 milhões. Trata-se da
maior devassa já realizada nas contas de pessoas que passaram pelo governo do
PT. Há indícios de diversas irregularidades. Vão de transações financeiras
incompatíveis com o patrimônio a saques em espécie, passando pela resistência
em informar o motivo de uma grande operação e a incapacidade de comprovar a
origem legal dos recursos.
O Coaf não faz juízo sobre as
operações. Somente relata movimentações financeiras suspeitas de acordo com a
lei e regras do mercado, como saques de dinheiro vivo na boca do caixa ou
depósitos de larga monta que não tenham explicação aparente. O Coaf recebe
essas informações diretamente dos bancos e corretoras. Eles são obrigados,
também nos casos previstos em lei, a alertar o Coaf de operações “atípicas”
envolvendo seus clientes. É obrigação do Coaf avisar as autoridades sobre
operações suspeitas de crimes. A lavagem de dinheiro existe para esquentar
recursos que tenham origem ou finalidade criminosa, como pagamentos de propina.
Não cabe ao Coaf estipular se determinada transação é ilegal ou não. Cabe a ele
somente informar a existência dessa transação às autoridades competentes, caso
essa transação contenha características de uma operação de lavagem de dinheiro.
Foi isso que o Coaf fez no caso do quarteto petista. Cabe agora à PF, ao MP e
ao Congresso trabalhar detidamente sobre as informações reveladas pelo Coaf.
Para ver a reportagem no portal da revista ÉPOCA, clique aqui.