Jaques Wagner envolvido na Lava Jato
![]() |
Jaques Wagner envolvido na Lava Jato por Paulo Roberto Costa (foto: José Cruz/Ag. Brasil) |
Em reportagem de Eduardo Militão,
o jornal Correio Braziliense deste domingo (18) traz depoimento de Paulo
Roberto Costa envolvendo o ex-governador Jaques Wagner na Operação Lava Jato. O
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras afirmou à Polícia Federal que o novo
ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, teve campanha eleitoral ao governo da
Bahia beneficiada com o esquema de desvios de dinheiro na estatal. O delator da
Operação Lava-Jato afirmou que eleições para o governo estadual e para as
prefeituras foram abastecidas com “a remessa de recursos da companhia para o
Estado da Bahia, a fim de financiar o Partido dos Trabalhadores”. Ele não
menciona o ano das campanhas — o ministro venceu as disputas de 2006 e 2010. O
delator sustenta que os recursos foram viabilizados pela Gerência Executiva de
Comunicação, subordinada ao então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli,
ex-secretário de Planejamento do governo de Wagner (2007-2014). Apesar de dizer
que sua convicção está baseada em “boatos internos” da petroleira, Paulo
Roberto declarou que uma auditoria poderia confirmar a acusação. “O declarante
acredita que, se forem auditados os contratos da Gerência Executiva no Estado
da Bahia, serão encontradas irregularidades”, disse Paulo Roberto ao delegado
Josélio Azevedo Sousa, em depoimento de 22 de julho.
A assessoria do ministro
desqualificou as afirmações do delator. “Trata-se de tentativa requentada de
envolver o ministro Jaques Wagner na questão”, afirmou a assessoria do ministro
ao Correio. “Tais tentativas foram sempre baseadas em ilações ou depoimentos
que não apresentam qualquer evidência ou conexão com a realidade.” Ao menos até
o momento, o ministro é mencionado na Lava-Jato, mas não foi arrolado como
investigado em inquéritos na operação. Procurada desde 18 de setembro para
comentar o caso, a petroleira não esclareceu se fez auditorias na Gerência
Executiva de Comunicação. “A Petrobras não teve acesso aos depoimentos”, disse
a empresa em nota. Gabrielli não retornou os pedidos de esclarecimentos feitos
por meio de ex-assessores, mas ele já negou participação em esquemas de
corrupção.
Wagner assumiu o cargo de chefe
da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff, em substituição a Aloízio
Mercadante, que voltou para a Educação. Desde a deflagração da Operação
Lava-Jato é o quarto titular ou ex-ocupante da pasta citado como beneficiário
do esquema, embora nenhuma referência diga respeito à atuação na Casa Civil.
José Dirceu, preso e acusado criminalmente, Antônio Palocci e Gleisi Hoffman,
investigados, são os outros. Mercadante é alvo de um inquérito de caixa dois no
Supremo Tribunal Federal derivado da Lava-Jato. Todos negam as acusações.
Agências
O depoimento de Paulo Roberto
foi prestado no Rio de Janeiro, onde o ex-diretor de Abastecimento cumpre penas
alternativas, fruto de seu acordo de colaboração premiada com investigadores do
caso. Na Superintendência da PF no estado, ele afirmou que uma negociação para
pagar as agências de publicidade Muranno e Mistral foi “a única ocasião” em que
“tratou claramente de corrupção” com Gabrielli, ex-presidente da estatal. Ele
disse que “seria mais provável” que o então presidente da Petrobras tratasse
desses assuntos com Renato Duque, ligado ao PT e então diretor de Engenharia da
estatal, por onde passavam quase todas as licitações.