Landisvalth Lima
O
escritor maranhense Aluísio Azevedo tem um romance bem conhecido do mundo da
educação. Trata-se de O Cortiço, publicado em 1890. Nele, as personagens estão
instintivamente ligadas ao meio ambiente, caminham para a degradação total.
Estão sendo tragadas pelo meio e não parecem se importarem com isso. Ao
contrário, suas ações estão cada vez mais voltadas para o permanecer piorando.
Na Câmara Municipal de Heliópolis, os vereadores da oposição parecem puxados ao
calabouço do inoportuno, ao fundo do poço abismal, ao cerne escuro do absurdo,
à reta final obscura de todas as incoerências e fazem isso como se um orgasmo
fosse.
Sim,
porque só uma atitude animalesca, movida pela instintividade exacerbada, comum
nos romances naturalistas, pode explicar o comportamento dos vereadores da
oposição, notadamente José Mendonça, Giomar Evangelista, Doriedson Oliveira e
Claudivan Alves, todos comunistas do Brasil. A presepada que fizeram na sessão
extraordinária da última sexta-feira (25), com a ausência de Claudivan, foi
digna de comportamento movido pelo determinismo insano da genética bestial da
política mesquinha e ordinária. Praticam a política de terra arrasada. Querem
todo o leite da vaca para si, caso contrário, preferem matar a vaca. Quando
chamados à atenção, o erro sempre é do outro. Eles sempre estão com a razão e a
lei e a ordem estão milagrosamente aos seus serviços.
Sinceramente
eu esperava um pouco mais de inteligência. Previa que na sessão ordinária da
última segunda-feira (28), o presidente da casa encontrasse as palavras mágicas
e proferisse um pedido de desculpa pelos transtornos da sessão anterior. Colocasse
o projeto em discussão, convocasse as extraordinárias de praxe e transformasse
tudo em Lei. Nada disso ocorreu. Não recuaram um milímetro e ainda tiveram o
desplante de colocar em votação a ata da sessão anterior. É claro que os
vereadores governistas não cairiam numa cilada desta. Rejeitaram por 5x3 e
deixaram Giomar Evangelista numa sinuca de bico.
Para
justificar seus desatinos, os opositores ainda convocaram sessão das comissões
para analisarem um projeto que já estava aprovado, marcada para esta
quinta-feira (01). Eles querem que o prefeito indique de quais rubricas vai
tirar dinheiro para remanejar. Sonham com coisas impossíveis. É que as três sessões
extraordinárias presididas pelo vereador Valdelício Dantas da Gama, que é 1º
Secretário da casa, devido às ausências voluntariosas de Giomar e Claudivan, já
aprovaram a suplementação de até 60% do orçamento. Não há lei criada que
identifique que tais sessões foram irregulares.
Como
os vereadores governistas fizeram tudo dentro da lei, inclusive registrando a
negativa do presidente em continuar a sessão e até mesmo em fornecer o livro
original para o registro das decisões, o prefeito Ildinho deverá sancionar a
Lei ainda esta semana e autorizar a suplementação necessária para permitir o
pagamento dos funcionários até o dia cinco de outubro. Também em breve as obras
serão retomadas. Restará ao presidente da Câmara Municipal, se desejar, entrar
na Justiça contra o prefeito municipal e alegar a ilegalidade da lei que eles
se recusaram a discutir dentro da Lei.
Certo
é que o novo e jovem Juiz da Comarca de Cícero Dantas, Dr. Cícero Dantas
Bisneto, descendente direto do Barão de Jeremoabo, que empresta o seu nome à
cidade, terá muito trabalho enquanto Giomar Evangelista continuar na
presidência do Poder Legislativo. Porque ele não se comporta como tal. Prefere
o embate tupiniquim do “quanto pior melhor”. Não se entende ainda porque nenhum
vereador entrou com processo de afastamento contra o desajeitado presidente.
Dizem até que, depois que passou a ouvir mais o vereador Mendonça, conseguiu
até piorar como administrador da casa. Até mesmo o vereador Mendonça deveria
provar um pouco do veneno, já que perdeu a cabeça na última sessão. Caberia já
estar com um processo por falta de decoro parlamentar nas costas.
Como as personagens de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, os vereadores da oposição estão sendo sugados pela sede urgente de poder. A prova disso é uma frase dita pelo vereador José Mendonça de que jamais se arrependera do que fez na política, exceto ter votado em Zé do Sertão, que hoje já não é mais seu aliado. Ele não se arrependeu de ter apoiado o governo que sangrou os cofres de Heliópolis e eclodiu na Operação 13 de maio. Pelo visto também não se arrependera do que fez na última sessão e pensa que sairá impune de tudo isso. Está agindo como João Romão e pensa que o povo será sua Bertoleza.