Sem dinheiro, PNE da Pátria Educadora descumpre metas
Ministro da Educação minimiza fracasso
do primeiro ano do PNE. Somente metade dos municípios, inclusive Heliópolis,
aprovou ou encaminhou os Planos Municipais de Educação. Só 4 estados
sancionaram até aqui os seus PEEs.
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Ministro Renato Janine Ribeiro minimiza fracasso inicial do PNE |
Com uma reportagem assinada por Marcelle
Souza, o UOL revelou que ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, minimizou,
em entrevista ao portal, o descumprimento das metas do PNE (Plano Nacional da
Educação), que define objetivos e metas para o período de dez anos. Nesta
quarta-feira (24), o PNE completa um ano em vigor sem que todos os Estados e
municípios tenham conseguido elaborar seus próprios planos de educação. Segundo
o artigo 8º do PNE, todos deveriam ter leis sancionadas até hoje.
Segundo Janine Ribeiro, dos 5.570
municípios brasileiros, 1.918 haviam alcançado a meta e contavam com planos em
vigor. Em outros 807, ainda faltava a sanção da lei, mas o plano estava
aprovado. Ou seja, em um ano, mais da metade dos municípios (2.845) não
conseguiram concluir a discussão sobre seus planos de educação. O Plano
Municipal de Educação de Heliópolis foi aprovado nesta segunda-feira (22) e já
está sancionado pelo prefeito Ildefonso Andrade Fonseca. Entre as unidades
federativas, só quatro concluíram os planos até a data prevista na lei;
Pernambuco, Rio Grande do Sul, Paraná e Pará. Isto significa que em 22 Estados
e no Distrito Federal a lei ainda está sendo discutida pelos deputados.
Na reportagem, o ministro Renato Janine
Ribeiro disse que era claro que “a gente preferia que estivesse tudo votado. O
que eu insisto é que em menos de um mês se sancionou mais de mil projetos de
lei. Por esse ritmo, a gente pode esperar que em breve a totalidade dos
municípios, ou quase todos eles, tenham sancionado. Nos Estados, temos quatro
planos sancionados. Ainda é pouco. Quer dizer, 23 unidades da federação estão
atrasadas. Os municípios até deram um bom avanço", disse ao UOL. "Estou
convicto de que, mesmo que metade [dos municípios] demore mais algumas semanas
ou meses, o resultado vai ser bom". Segundo Janine Ribeiro, o MEC ofereceu
ferramentas e consultores para ajudar municípios e Estados na construção desses
planos.
"Nos últimos dias, a
discussão desses planos estaduais e municipais foi monopolizada por uma questão
que não é a principal, que a que eles chamam de 'ideologia de gênero'. É
importante, mas essa discussão foi feita a partir de uma visão equivocada, que
é contrária à inclusão. O município tem que definir quantos alunos vai ter por
sala, que tipo de financiamento, mas tudo foi reduzido à questão que alguns
opositores chamam de ideologia de gênero", disse o ministro.
Em ano de cortes nos orçamentos
federais, os municípios dizem que não têm dinheiro para implementar
dispositivos previstos no PNE, como CAQ (Custo Aluno Qualidade) e as metas de
formação e valorização dos professores. Para o ministro, os dirigentes vão
precisar se adequar. "Veja, existe uma crise econômica no país. A economia
está passando por um momento difícil, vai se recuperar, mas agora está faltando
dinheiro para todos. Neste momento, nós temos que construir a forma de
superação disso para quando melhorar a economia do país". Já para o
coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara,
"sem dinheiro, não dá para colocar o plano em prática".
Outra meta que deveria ter sido
cumprida neste dia 24 de junho é a de redução da taxa de analfabetismo entre
pessoas com mais de 15 anos. O índice de pessoas que sabem ler e escrever
deveria ser de 93,7%. No entanto, segundo o IBGE, o percentual é de 91,7%,
totalizando 13 milhões de analfabetos. "Essa meta não foi atingida, isso é
verdade. Essa é uma das poucas metas de curto prazo e não foi atingida devido a
todos os problemas da economia do país", afirmou o ministro. Janine
Ribeiro disse que o MEC vai fazer uma avaliação para saber quais políticas de
alfabetização estão ou não funcionando.
O ministro vai anunciar nesta
quarta a criação de um fórum de acompanhamento do piso nacional e de uma
instância permanente de negociação federativa. Os dois organismos serão
compostos por representantes do MEC e dirigentes estaduais e municipais da
educação. Seria bom que começassem por Sergipe. O menor estado da federação não
respeita a Lei do Piso e os professores já cumulam perdas salarias em torno dos
35%. Sergipe também se mostrou incompetente até aqui e não aprovou o seu Plano
Estadual de Educação.