Paulo
Victor Melo
Repetindo medidas experimentadas
e fracassadas em governos anteriores, o Governo Jackson Barreto a cada dia
confirma que a sua política de educação é baseada no tripé fórmulas
mágicas/propaganda enganosa/negação de direitos.
Paulo Victor Melo |
Sobre o primeiro eixo do tripé,
o projeto apresentado pelo Secretário de Educação (SEED) a integrantes do
Governo na semana passada, adjetivado como “ousado e transformador” por um
jornalista sergipano, não representa nenhuma novidade em termos de modelo de
educação, mas apenas confirma a tendência tanto dos últimos gestores de Sergipe
quanto de governos de outros estados: acreditar que os problemas estruturais da
educação pública se resolverão com fórmulas mágicas.
As principais “novidades” do
projeto, segundo a divulgação da própria SEED, serão a instituição de um
sistema de avaliação e a criação de um prêmio em dinheiro para “boas práticas
educacionais”. Medidas que visam apenas desviar as atenções da sociedade da
realidade da educação pública em Sergipe.
Na mesma semana em que
apresentou o projeto, o Governo de Sergipe iniciou uma agressiva campanha nos
meios de comunicação específica sobre a educação pública. Na propaganda
veiculada em emissoras de televisão, é dito que “o Governo de Sergipe investe
com seriedade e compromisso na educação e na valorização dos professores”. Se
essa afirmação for verdadeira, por que Jackson insiste em não pagar o reajuste
do piso salarial dos educadores e educadoras? Ou então por que Jackson não toma
a iniciativa de reestruturação da carreira do magistério? Ou ainda por que
Jackson não revoga a Lei 213, de 2011, que desvinculou a formação em nível médio
do quadro permanente de educadores da rede estadual?
Ao não tomar nenhuma dessas
posições, Jackson deixa claro que a sua campanha de televisão é baseada em
mentiras. São dados e informações que nem mesmo o staff do Governo deve
acreditar. Na propaganda é dito, por exemplo, que o Governo “já investiu mais
de R$ 200 milhões na reforma de escolas em todo o estado”. Se a informação for
verdadeira, por que o Governo não apresenta a lista das escolas reformadas e os
valores investidos em cada unidade escolar? Ou por que o Governo não divulga a
lista dos professores que, segundo a sua propaganda, ganham salários de até R$
10 mil?
Tanto o projeto quanto a
campanha na mídia são apenas uma cortina de fumaça que o Governo Jackson cria
para tentar ofuscar a sua negligência com a educação pública e a sua sucessiva
política de negação de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do
magistério.
Em outra oportunidade, nesta
mesma coluna, escrevi o seguinte: “é sabido que Jackson Barreto tem um passado
de luta em defesa da democracia e de resistência ao autoritarismo. Mas história
não se faz apenas com o passado. História se constrói também no tempo
presente”.
Os fatos, até aqui, não deixam
dúvidas: a história presente de Jackson no que diz respeito à educação pública
caminha na contramão da sua história passada em defesa dos direitos. Se em
outros tempos Jackson resistiu ao autoritarismo e às mentiras do regime
militar, agora o autoritarismo e a mentira são suas parceiras de todas as
horas.
Reproduzido do portal INFONET.