Landisvalth Lima
Confesso aos leitores que muitos
desafios já topei em minha vida. Alguns venci e outros tantos perdi, num jogo
de regras nem sempre justas. Mas venho me batendo há dias para entender o
emaranhado do que se passa na cabeça do presidente da Câmara Municipal de
Heliópolis. E isso porque não vejo nenhuma lógica nas suas atitudes,
notadamente a partir de sua posse no limiar deste ano. Não posso dizer que é uma
coisa pensada. Por enquanto fico com a tese de que se trata de uma doença ainda
a ser estudada pela psicanálise, criada por mim neste instante: Transtorno
Bipolar Dobrado da Subida do Poder à Cabeça – ou seja, TBD do SPC. Pelo andar
da carruagem, parece ser uma patologia social e política grave. Pior, parece
não ter cura.
Tal doença acomete pessoas
normalmente já experientes na política. Raramente contamina políticos jovens e de
primeiro ou segundo mandato. Em Heliópolis, conheço dois que sofreram e ainda
sofrem da doença. Não esperava que o vereador Giomar Evangelista, que muitos o
tinham na lista dos futuros líderes, fosse tomado de forma tão crônica e
atemporal por este mal súbito. É de dar pena vê-lo agonizando no lamaçal que
ele mesmo produziu. Os sintomas são óbvios. Passo a descrevê-los até para
ajudar aqueles que futuramente queiram fazer da política uma forma de corrigir
rumos da nossa sociedade.
O primeiro sintoma é não ouvir
ninguém. O acometido de TBD do SPC não consegue dar espaço ao seu ego para a
comunicação externa. Cheguei a supor aqui numa postagem que o vereador Mendonça
poderia não estar ajudando Giomar para não tê-lo como concorrente na disputa
por uma vaga de candidato a prefeito em 2016. Nada disso. Giomar não quer ouvir
ninguém. Fechou-se no seu mundo e toma suas atitudes pautadas na sua
sentimentalidade egoísta, pobre e aloprada.
O segundo sintoma é culpar
sempre o outro. Quando esta doença está no ápice crônico, o paciente passa a
culpar a todos pelos seus erros. As vítimas já foram escolhidas: Ana Dalva,
Fernando Dantas e Mário Almeida. Estes dois últimos foram acusados de falsificadores
de documentos. No dia 31 de março, Giomar Evangelista entrou com queixa crime
contra Fernando Dantas na Delegacia de Polícia. Afirma no documento que o
ex-tesoureiro ocultou ou sonegou o documento que vetava a emenda aprovada do
QDD. É o próprio Giomar que afirma ter tido uma reunião dia 5 de janeiro com a
presença de Fernando e não se tratou do veto. Está claro que o atual presidente
estava preocupado com outras coisas. Quando acordou dos seus erros, resolveu
apontar o dedo culpando o funcionário.
O terceiro sintoma é ficar cego.
O acometido de TBD do SPC não enxerga nada além do seu umbigo. Fernando Dantas
estava com todos os documentos importantes para repassar a Giomar no fatídico
dia da posse, o 1º de janeiro. Enquanto isso, o presidente eleito abria champanhe
para comemorar a vitória. Não deu a menor atenção. Dia 23 de janeiro, este blog
publicou um artigo e afirmou taxativamente: “O que Giomar não está entendendo é
que a prefeito Ildinho publicou a LOA sem o QDD da Câmara porque ele o vetou.”.
Ainda restavam 7 dias para que ele convocasse a Câmara e derrubasse o veto do
prefeito Ildinho. Não enxergou. Para completar, na queixa-crime contra Fernando
Dantas, ele próprio admitiu que só soube do veto dia 27 de fevereiro, 58 dias
após. Isso quer dizer que ele não lê também o Diário Oficial do Município. O
Orçamento foi publicado dia 7 de janeiro, sem o QDD. Cegueira total!
O quarto sintoma é o de
acreditar na sua própria mentira. E não é uma contaminação da doença de Dilma
Rousseff, a Cliptomaníase Petrobrasiana Crônica do Partido dos Trabalhadores –
CPC do PT. Aqui Giomar Evangelista conseguiu encontrar corrupção na administração
límpida e clara da vereadora Ana Dalva, mesmo ela apresentando as contas
abertas para todos conferirem. Disse ele que a vereadora gastou 16 mil reais
com a digitalização de documentos da Câmara, mas que todos foram formatados. É
uma imensa mentira. De fato, Ana Dalva fez licitação para digitalizar todos os
documentos. Ela queira colocá-los todos na Internet para acesso fácil de qualquer
cidadão. Entretanto, não houve recursos para completar a tarefa. Não foi gasto
um tostão. Giomar só olhou para o que foi licitado e não reparou que nenhum
pagamento foi empenhado e também o serviço não foi feito.
O quinto e último sintoma é,
quando enxergar, fingir que não vê. Giomar fingiu que não viu pelo menos duas
coisas. Uma é ter colocado no quadro de funcionários da Câmara a filha do 1º
Secretário da Mesa, vereador Valdelício Dantas da Gama. Podem até alegar que
este tipo de nepotismo já aconteceu no passado, mas só se deve seguir os bons
exemplos. Também, o vereador Giomar Evangelista sabe que não se pode assumir a
presidência da Câmara de Vereadores funcionários públicos com carga horária de
40 horas semanais. O edil sabe que já há decisões do Tribunal de Justiça da Bahia
neste sentido, inclusive com vereadores na mesma situação sua. Giomar é Agente
de Saúde e, quando eleito presidente, teria que pedir licença sem remuneração
do seu cargo. É ilegal a acumulação. Por que ele ainda não fez isso? Tenho
certeza que não é caso de desinformação.
Fato é que Heliópolis parece que
começa a ter um pouquinho de sorte. Já pensou este rapaz ser acometido desta
doença terrível no cargo de prefeito do município? Azarada é a Câmara. Serão
mais 21 meses sob a batuta deste rapaz, que um dia chegou a ser visto como um futuro
político promissor. O que se sabe é que agora responderá vários processos. Na
minha conta, entre prefeitura, vereadores, Mário Almeida e Fernando Dantas, já
são quatro. Ana Dalva ainda não confirmou se entrará na Justiça, mas é
provável. O bom seria se, num breve momento de lucidez, Giomar renunciasse e
passasse o cetro para Claudivan, o vice. Dizem que ele até prometeu isso para
janeiro de 2016. Mas será que a Câmara Municipal aguenta até lá?