Landisvalth Lima
Levy Fidelix |
Os poucos leitores deste blog
conhecem o uso da válvula de escape do eleitor que votou num dado candidato ou candidata
que, quando no poder, não correspondeu. É comum ouvir a clássica “todos os
políticos são iguais”. Se não houver jeito, se for passado na cara que
candidato tal é diferente, nunca foi envolvido em incompetência ou corrupção,
já está pronta uma outra resposta: “O povo não quer” ou “Não tem voto”. Este
vício de transformar uma eleição num campeonato, somado ao jogo do comércio do
voto, tem causado enormes prejuízos ao nosso país. O que eu não imaginava era assistir
um dia meus outrora ídolos no poder expondo perversidade, incompetência e
cinismo, não necessariamente nesta ordem.
Uma vez a esquerda no poder, com
minhas modestas ajuda e luta, passou um filme de moralização do serviço público
e da divisão justa da renda nacional. Sabia que não seria fácil. Os políticos
do bloco da direita eram experientes, poderosos e incansáveis na busca do
poder. Como Lula já trazia uma boa parte deles debaixo do braço, achei que a
tarefa seria mais branda. O resto todos já sabem. Não vou aqui ficar repetindo.
Lula jogou o milho e, como galinhas, fizemos a festa. Do Bolsa família ao Pré-sal,
os grãos foram espalhados ao nosso alcance. Sem saúde, sem terra, sem segurança
e sem educação, mas de papo cheio na minha casa, e com o celular da minha vida,
devotamos, como nunca antes na história deste país, amor quase eterno ao
Partido dos Trabalhadores e ao seu líder, antes o sapo barbudo e o comunista
aloprado. Tenho a impressão que a palavra que resume isto é perversidade.
Enquanto isso, os homens que
matavam e morriam defendendo a maior empresa de todos os brasileiros, alegando que
as elites queriam devorá-la com a privatização, faziam o maior saque que se tem
notícia aos cofres da estatal. Com isso, o PT solidificava, ao lado do PMDB e
do PP, o seu projeto criminoso de poder, colocando o Mensalão como um cafezinho
diante do banquete da usurpação da Petrobrás. A empresa foi engordada para
alimentar o saco faminto do poder dos políticos reformuladores da nossa nação.
Deputados, senadores, sindicalistas, jornalistas, doleiros, diretores, governadores,
secretários.... Todos foram saciados nos inimagináveis 12 anos de poder! Como
fariam o diabo para vencer uma nova eleição, não mediram seus atos. A ordem era
mentir, mentir e mentir. Cansados de tanto mentir, mentiram novamente. Marina
Silva foi demonizada para o espetáculo final desejado: PT X PSDB. Ultrapassaram
todos os limites sem dó e venceram. Estamos agora aqui desfalecidos, cabisbaixos, quebrados, endividados. O país
desce ladeira abaixo. Quem lutou pelo poder não sabe como sair da situação
engendrada. A palavra é incompetência.
Na sexta-feira (13) os
ex-companheiros foram para as ruas. Na minha vã esperança, imaginava vê-los
arrependidos. Não mesmo! Pregavam a apuração da corrupção na nossa Petrobrás e
a colocação dos envolvidos na cadeia, sem condenar o PT por isso. Reclamavam das medidas provisórias de
Dilma, que retiram direitos trabalhistas; defenderam a Petrobrás, mas não
querem o impeachment de Dilma. Dizem ser um golpe. E são os mesmo que foram
para as ruas pedir o impeachment de Collor. É! Collor, aquele mesmo que ganhou
a eleição para o Lula. É! O Lula, o mesmo que ajudou a tirar o alagoano do
poder e permitiu a revelação de nomes como Lindenberg Farias, promovido pelos
caras pintadas da Globo, hoje senador ao lado de Collor. Ambos são defensores
do governo Dilma e os dois receberam ´propinas da corrupção alicerçada na
Petrobrás. A Globo agora é o próprio Satanás, como de resto toda a imprensa do
país. Isto é cinismo!
Mas o ápice do cinismo é dizer que o Brasil é um
país livre e todos podem se manifestar, mas ao mesmo tempo dizer que os que
vaiam tem olhos azuis, pele branca e moram no Morumbi ou na Vieira Souto.
Também dizer que o ato marcado deste domingo (15) não se justifica porque as
eleições já passaram e não há terceiro turno. E o que dizer quando o
ex-presidente da Petrobrás vai a uma CPI e diz que não há corrupção sistêmica
na estatal e que o fato foi algo isolado. Pior, disse que era impossível ao presidente
da empresa descobrir os desmandos revelados pela Operação Lava Jato! Só para
completar a bestialidade, disse tudo isso num trio elétrico e ainda foi
ovacionado pelos companheiros. E o discurso de Dilma no Dia Internacional da
Mulher? Não vale a pena comentar. Só sei que este cinismo da presidente, somado
à sua incompetência e perversidade, resultou em 7% de aprovação. Este número já
é inferior ao de Collor. São os eleitores do parágrafo inicial deste artigo,
muitos presentes às manifestações de sexta-feira (13) e também aqueles que
condenam o ato deste domingo (15). Aqui não me arrisco a dizer que é cinismo.
Creio ser um lenitivo para justificar a besteira que fez ao votar em Dilma e
não ter a serenidade de admitir que foi enganado. Mais, não conseguem ver o
óbvio: até o Levy Fidelix seria melhor presidente que Dilma.