José
Eraldo Neves
Prof. José Eraldo Neves |
Nesse
texto não tratarei do trabalho desenvolvido por Ana Dalva na área da saúde por
dois motivos: Primeiro porque Heliópolis é pequeno, todo mundo se conhece e
sabe do trabalho desenvolvido por essa aguerrida mulher. Portanto, não vou
“chover no molhado”. O segundo motivo e, mais contundente, é por entender que
Ana Dalva não aprendeu a fazer política usando a dor alheia como isca para ganhar
voto, indo para palanque explorar o sofrimento alheio. Ela tem a devida
compreensão que solidariedade se presta em silêncio. Carinho a um jovem
acidentado, a um pai sofrido, a uma mãe transpassada de dor. Carinho por uma
criança, por uma mulher, por um homem que está com câncer ou acometido por
algum outro mal, a gente revela visitando, criando as condições, aportando
solidariedade à família, acolhendo-os, não expondo as dores das pessoas, não
fazendo do sofrimento do próximo bandeira para ganhar votos. Isso além de ser
antiético e imoral, vai de encontro aos preceitos cristãos. Meu
propósito aqui é outro, abordarei as contribuições da Vereadora e atual
presidente do legislativo municipal para o parlamento municipal.
Em
seu primeiro mandato (2008-2012), Ana Dalva quebrou um aspecto muito enfatizado
por antigos e/ou atuais representantes do legislativo de Heliópolis. Refiro-me
à falta de atitude e independência do vereador. Quando alguém cobrava uma
atuação mais eficaz e combativa na “casa do povo”, alguns edis afirmavam que
nada faziam porque não podia desagradar seu grupo e porque “uma andorinha só
não faz verão”. A vereadora provou o contrário: Foi à luta, apresentou x importantes
projetos, mesmo fazendo parte da bancada da oposição, votou favorável pelo
menos em um projeto vindo do executivo (o projeto das casas populares), por
entender que ele beneficiava a população mas, sobretudo, foi uma combatente
voraz, fiscalizando e denunciando supostos atos ilegais praticados pelos
gestores do executivo e do legislativo daquela época. Foram idas e vindas
infindáveis ao TCM (Tribunal de contas dos Municípios), ao Ministério Público
Estadual e ao Ministério Público Federal para denunciar o que ocorria na cidade
do Sol. Como se sabe, os referidos atos ilegais estão sendo investigados pelos
órgãos competentes. Também apoiou a luta das categorias por melhorias salarias
e, por seu intermédio, o município recebeu recursos de uma emenda parlamentar
do então Deputado Federal Coubert Martins, para execução do calçamento da rua
Isaias Ribeiro. Além disso, “levantou” sua voz em defesa do povo de Heliópolis,
quando um conhecido deputado usou a tribuna da Assembleia legislativa da Bahia
para adjetivar o povo que chamava por mudanças, de arruaceiros, badernistas,
bandidos.
Ana
Dalva mostrou que, mesmo isolado, o vereador pode prestar um importante
serviço. Legislar e fiscalizar com independência. Não vejo nisso um “ato de
bondade”, mas o cumprimento de uma prerrogativa constitucional. Embora, no
contexto atual, isso tenha se tornado uma exceção e não a regra como deveria
ser.
Depois
de ser reconduzida pelo povo para mais uma legislatura (2013-2017) e tendo sido
escolhida presidente da Câmara municipal, em uma conturbada eleição, Ana Dalva
mais uma vez provou sua competência, seriedade e zelo com o bem público. Seu
primeiro ato na condução daquela casa foi fazer ajustes nas contas para
melhorar o funcionamento interno e melhor atender aos colegas de legislatura e
à população. Para isso “cortou na própria carne”. Abriu mão de privilégios
temporários para concretizar mudanças permanentes: aquisição de automóvel para
câmara, reforma daquela casa, implantação do sistema de refrigeração, aquisição
de aparelhos de som de boa qualidade, pagamento de vereadores e funcionários em
dia, pagamentos regulares de diárias para consultas ao TCM, criação e
atualização do site da câmara municipal, reforma do regimento interno, incluído
sessões itinerantes nos povoados como forma de democratizar o acesso aquela casa à população rural e
prestação pública e transparente de todas às contas da câmara municipal no plenário da casa e outros meios. Também, pela primeira vez na história do
legislativo municipal, devolveu 4.000,00 reais ao executivo. Além disso, todos
os vereadores, seja da bancada da situação ou oposição, tem tratamento
igualitário porque ela entende que, independente do mérito, independente do
juízo de valor que ela tenha, foram democraticamente eleitos pelo povo e,
portanto, merecem respeito. Ana Dalva só não conseguiu realizar concurso
público para preenchimento de vagas do legislativo municipal porque, embora
abrisse chamada pública em duas ocasiões, não encontrou empresa disposta a
realizar o certame. Em dois anos a câmara aprovou x projetos, y proposituras, z
indicações ao executivo.... um trabalho digno de respeito e elogios sinceros.
Se
vai ser reconduzida ao cargo não sei, em terras heliopolenses competência pouco
é levada em conta mas, independentemente do resultado do pleito, sua gestão já
entra para história como aquela que demostrou para a classe política e para o
povo que câmara municipal não é uma extensão do executivo, são poderes
independentes que trabalham em harmonia, mas sem subserviência. Essas são ao
meu ver, as contribuições dadas pela vereadora ao parlamento municipal. “O pior
cego é aquele que não quer enxergar” !!!