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Paulo Roberto Costa: delação bomba |
A ex-senadora Marina Silva (PSB)
está muito bem no filme da eleição deste ano, mas a delação premiada envolvendo
o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, pode ac abar com a eleição já
no primeiro turno e Marina Silva seria a principal beneficiada. Paulo Roberto
citou pelo menos 32 deputados e senadores, um governador e cinco partidos
políticos que receberiam comissões sobre os valores de contratos firmados pela
empresa. Alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Paulo Roberto depôs em
regime de delação premiada para tentar obter o perdão judicial. O número se
refere apenas aos primeiros depoimentos, mas como o processo ainda não terminou
novos nomes podem surgir.
Segundo o ex-diretor, havia um
cartel de empreiteiras em quase todas as áreas da estatal e “todo dia tinha
político batendo em sua porta”. Ele contou que, durante sua gestão na diretoria
de Abastecimento, entre 2004 e 2012, os desvios nos contratos da Petrobras
envolveram desde funcionários do terceiro escalão até a cúpula da empresa. Ao
final do processo, as citações a políticos deverão ser remetidas à
Procuradoria-Geral da República (PGR) por causa do foro privilegiado. Com o
acordo de delação premiada, ao invés de 50 anos de prisão que poderia pegar,
Paulo Roberto deve apenas ficar um ano com uma tornozeleira eletrônica, em casa,
e sem poder sair na rua. Segundo um dos seus advogados, ele está “exausto” com
a série de depoimentos, mas “se diz aliviado”. O doleiro Alberto Youssef,
também preso por supostamente ter encabeçado um esquema bilionário de lavagem
de dinheiro, também tentou negociar com o Ministério Público Federal uma nova
delação premiada, mas desistiu ao ser informado que pegaria ao menos três anos
de prisão em regime fechado.
Mário Negromonte foi citado
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O conselheiro Mário Negromonte |
Mário Negromonte está agora em
emprego vitalício no Tribunal de Contas e colocou seu filho para substitui-lo
na Câmara Federal, certo de que o povo vai seguir sua ideia. Entretanto, sua
participação na Operação Lava Jato da Polícia Federal ainda precisa ser
explicada. O ex-deputado e recém-empossado conselheiro do Tribunal de Contas do
Município (TCM) é apontado pela Revista Veja, da edição desta semana, como um
dos nomes vazados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa na delação
premiada. Além dele, estão os
presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão
(PMDB-MA). Do Senado, Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero
Jucá (PMDB-RR), o eterno líder de qualquer governo, o petista Cândido
Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (SC).
Renan Calheiros bem na fita
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Dilma Rousseff: mais problemas |
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Senador Renan Calheiros (PMDB) |
A empresa UTC Engenharia também foi
citada pelo ex-executivo como integrante do esquema que desviou recursos de
contratos bilionários da Petrobras. As empresas ganhariam os contratos em troca
de pagar propina de 3% para deputados e senadores. Um dos negócios mencionados
envolvendo Renan Calheiros é um acerto com o doleiro Alberto Youssef para que o
Postalis comprasse R$ 50 milhões emitidos da Marsans Viagens e Turismo, que
tinha Youssef como um dos investidores. O doleiro teria se reunido com Renan, em
Brasília, no início de março, para acertar a comissão do PMDB nesse negócio. O
fundo de pensão dos Correios é controlado pelo PMDB e PT. O negócio não ocorreu
porque estava em curso quando Youssef e Paulo Roberto foram presos. A empresa
fechou após as prisões. Paulo Roberto relatou aos policiais a formação de um
cartel de partidos políticos que atuavam para desviar recursos da Petrobras por
meio de comissões em contratos arranjados. E exemplificou: "Todo dia tinha
político batendo na minha porta". Num dos depoimentos, ele citou uma conta
de um "operador do PMDB" em um banco europeu. Paulo Roberto contou
que os desvios nos contratos da Petrobras envolveriam desde o funcionário do
terceiro escalão até a cúpula da empresa, durante sua gestão na diretoria de
Abastecimento. Os depoimentos são todos filmados e tomados em uma sala na
Custódia da PF. Ao final de cada dia, são lacrados e criptografados pelo MPF,
que os envia diretamente para a PGR que mandou emissário a Curitiba no início
do processo de delação.
Marina e Dilma
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Marina Silva (PSB) |
O jornalista Fernando Rodrigues,
do UOL, foi feliz ao fazer uma análise do que a Operação Lava Jato pode
provocar de estrago nos candidatos da chapa presidencial. Segundo ele, o
mundinho da política ferve com a possibilidade de se tornar conhecido o
conteúdo dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ontem
(5), soube-se que Costa já teria relacionado os nomes de 12 senadores, 49
deputados federais e de um governador. Esse grupo estaria envolvido em
traficâncias com a estatal. Pelo menos três partidos políticos também ficam
encrencados nesse escândalo – PT, PMDB e PP. Para Fernando, em algum momento, o
ex-diretor da Petrobras declarou que não haveria eleição neste ano se ele
revelasse tudo o que sabe. Um exagero, segundo o jornalista. Eleição, haverá.
Mas de outra natureza. No caso da corrida presidencial, o Petrobrasgate, como é
chamado o escândalo pelo jornalista do UOL/Folha, é ruim para Dilma Rousseff na
mesma proporção do benefício possível para Marina Silva. É outro capítulo na
mais imprevisível de todas as eleições recentes.
Com informações do UOL, Blog do
Fernando Rodrigues, Bahia Notícias, portal da revista VEJA e A TARDE.