Landisvalth Lima
Eu não sei qual será o resultado
final do Copa do Mundo. Apesar de tirarem Neymar, já estamos entre as 4
melhores do mundo. Acho que já ganhamos a copa, seja qual for o resultado.
Somos um povo abençoado e querido no mundo inteiro. Foi a simpatia do
brasileiro que deu a cara ao evento. Se dependesse do nosso governo, tudo
estaria em pandemônio. Ainda somos um canteiro de obras intermináveis,
superfaturadas e que até matam. Mas o brilho da copa ninguém tira, porque o futebol
aqui é a única coisa que dá certo, apesar dos dirigentes incompetentes,
malversadores e manipuladores. Amanhã começa a campanha eleitoral de 2014 e
esta, seja qual for o resultado, nós já a perdemos.
No futebol, Felipão foi
corrigindo os rumos da seleção que pareciam caminhar para um retrato piegas de
um pastelão da antiga Atlântida. Logo logo o treinador percebeu que o choro era
indicativo de insegurança e não de paixão. O capitão voltou a ser capitão e
trocaram o choro pela raça. Deu certo, até aqui. Já no nosso processo eleitoral,
que começa neste domingo, não tenho maiores esperanças. Não sei se elegeremos mais
alguns Pedros Simons, Regoffes, Marinas Silvas, Waldires Pires, Migueis Arraes,
Fernandos Santanas, Florestans Fernandes, Heloisas Helenas, dentre outros. O
motivo é simples: não se faz eleição no Brasil para transformar nada. Estes
políticos e políticas que desejam melhorar a nossa situação, agindo como
estadistas, são considerados radicais, sonhadores e até idiotas.
Minha esperança é que, pelo
menos, melhoremos um pouco. Deixar de lado o passado e mandar para as cucuias
este modelo que está aí no poder, é fundamental para galgarmos mais um degrau
no incansável caminho da melhoria da nossa república. Qualquer avanço é uma
bênção, mas está muito difícil. Veja, por exemplo, se em algum órgão de
imprensa foi debatido o programa de governo dos candidatos? Não. O que
apareceram foram as cifras dos gastos eleitorais. Em Salvador, quando assinava
o registro de minha candidatura a deputado federal pelo PSB, só ouvia
expressões do tipo “ou tem dinheiro ou perde a eleição! ”. Eles nem sequer
pensam que há um eleitorado, ainda em número inferior, já consciente de
determinar uma mudança nesta visão sobre o processo eleitoral no Brasil. Não
acredito numa mudança radical e transformadora. Não temos uma maioria de
eleitores com esta visão. Ainda se vota muito no candidato do prefeito, do
vereador, no mais bonito, no mais exótico, naquele que torce para o meu time e,
o pior de todos os votos, o da troca de interesses.
Vou aqui dar dois exemplos de
como o processo político está viciado, transformando a eleição num grande
processo mercadológico. Em troca de alguns segundos a mais no horário
eleitoral, a presidente Dilma Rousseff negociou com o presidiário do mensalão,
Valdemar da Costa Neto, a troca de um ministro. A mesma Dilma, quando soube que
Sarney abandonaria uma nova candidatura, foi tentar convencê-lo a voltar ao
processo. Dilma não quer mudar nada. Ela quer o poder pelo poder. Sua luta como
esquerdista tinha como objetivo chegar ao poder. Não se transforma uma
sociedade com programas sociais unicamente. Ao lado disso deveria estar os
investimentos em educação e saúde. E não me venham com essa de que não há
dinheiro. Reparem o grande projeto futuro do PT da Bahia: construir uma ponte
entre Salvador e a Ilha de Itaparica. Não vamos dizer que a obra não é
necessária, mas ela não é prioritária. Os prováveis 9 bilhões que gastaremos dariam
para resolver o problema da saúde pública no interior da Bahia, com a
construção de hospitais regionais de grande porte. Mas isso parece não ter
importância para o PT.
Numa eleição onde o debate em torno
dos gastos de campanha toma o lugar do debate de ideias indica que já estamos
derrotados. Minha esperança é que alguns eleitores não querem perder a
oportunidade de mandar recados aos poderosos. Numa dessas, podem surgir mais
alguns estadistas eleitos e estará regado jardim da transformação, com efeitos
num futuro bem próximo.