Landisvalth Lima
Eu sou político. Acho que sou
mais político que professor porque vejo a educação como um processo político
para mudar a nossa realidade. Mas não vou hoje aqui falar de educação. Quero
falar de decadência na política, se é que ainda não chegamos ao fundo do poço.
O leitor pode até usar outras nomenclaturas: canalhice, sacanagem, falta de
pudor, esperteza, mau-caratismo... Como ainda acho que há uma luz no fim do
túnel, vou chamar de decadência. E admito que nunca antes na história deste
país a política esteve tão mergulhada e sufocada pela lama fétida da
imoralidade.
Antes de mais nada, devo dizer
que acredito na política como transformadora de uma sociedade. Tanto acredito
que estarei disputando uma vaga para a Câmara dos Deputados e aguardo apenas
homologação para começar a campanha. Não deveria fazer isso, dizem alguns. Vá
em frente, afirmam outros. Os céticos me dizem que sou professor e não tenho
dinheiro. Reafirmam que só se elege quem compra votos! Outros chegam a dizer
que Tiririca teve mais de 1 milhão de votos sem comprar nenhum. Então penso que
ser rico ou ser palhaço são condições indispensáveis para mudar o país.
Mas sigo em frente porque meus
sonhos depositados nos partidos de esquerda de outrora ainda estão vivos. Os meus
votos dados ao PT e ao PCdoB não tiveram a utilidade desejada. Perdemos a
oportunidade única em 500 anos para transformar este país. Espero que o povo
não tenha perdido a esperança de continuar acreditando nas poucas novas ideias
que estão surgindo nestas eleições. Precisamos avançar mais radicalmente na
direção da ética e da moralidade para chegarmos ao progresso com
sustentabilidade.
É claro. Antes do progresso,
precisamos recuperar nossos valores mais sagrados. Não se pode fazer política
sem ética e sem moral. Regredimos tanto que perdemos contato com a decência. E
vou ser justo: o PT não criou a corrupção na política. Há 500 anos ela está
enraizada nas entranhas do país. O chamado jeitinho brasileiro, a esperteza
malandra e a ideia de que tudo se ajeita parecem sintomas inocentes de uma
cultura fadada a concretizar a máxima de que se deve levar vantagem em tudo.
Se o Partido dos Trabalhadores
não criou a corrupção na política, efetivou-a como instrumento de manutenção de
poder. E há várias facetas da corrupção. Ela começa numa simples negociação da
troca de cargo por apoio. Depois se efetiva no emaranhado das negociações de
apoio a projetos nas câmaras, assembleias e no congresso. Estão aí os mensalões
do PT e do PSDB que não me permitem dizer em contrário. Se ontem tudo ficava
por debaixo dos panos para ninguém saber, hoje tudo é feito escancaradamente.
Esta semana, em troca de apoio, a
presidente Dilma Rousseff oficializou a troca do ministro dos Transportes, o
baiano César Borges (PR), por um ex-chefe da pasta, Paulo Sérgio Passos. De
acordo com comunicado da Presidência, a decisão foi tomada após reunião com o
ex-governador da Bahia, no Palácio da Alvorada. A mudança foi uma exigência do
PR para apoiar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Borges não
ficou desempregado e assumirá a Secretaria Nacional de Portos. Quem comandou as
negociações? Valdemar da Costa Neto. Ele mesmo, o presidiário da Papuda, que
manda hoje no PR. A Presidenta da República Federativa do Brasil negocia cargos
com um presidiário condenado por corrupção! Será que há algo pior?
Não. Mas há igual.
Ao ler o blog Por escrito, do
José Augusto Gomes, deparei-me com uma postagem em que a deputada Ivana Bastos
(PSD) gritou ao repórter: “O deputado João Bonfim ainda não tomou posse no TCE
porque está no interior comprando votos”. E foi mais longe a deputada quando
demonstrou irritação pelo fato de Bonfim ter dito e reiterado, em discurso
pronunciado um dia antes da eleição dos conselheiros dos tribunais de contas,
que nenhum dos seus três filhos seria candidato a deputado estadual. Um deles,
o vereador Vítor Bonfim, anunciou que concorrerá à Assembleia. A
não-candidatura de algum dos filhos era condição para que Bonfim tivesse o
amplo apoio dos colegas à indicação ao TCE, já que, abandonando a vida
política, seus votos teriam nova destinação, especialmente os da região de
Guanambi, onde também atua a deputada Ivana. “É preciso que a Bahia saiba que
vai para o TCE um homem sem palavra, que vai sujar o tribunal”. E compra votos
para eleger seu filho.
É preciso que a Bahia e o Brasil
saibam que se elege um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado não por mérito, mas por motivos inteiramente antirrepublicanos, antiéticos e imorais. E
só há uma forma de banirmos isto: mandando-os para casa ou para a cadeia. O
segundo ato depende da Justiça, mas o primeiro somos nós que determinamos.
Basta não votar neles. Precisamos começar a limpar toda a sujeira. É minha
esperança.