Jovem sequestrada em 2003 pede
ajuda à polícia americana e põe fim a uma década de cárcere. Outras duas
mulheres também foram libertadas
Da redação da revista ÉPOCA
Amanda Berry ficou 10 anos no cativeiro |
Segunda-feira, 6 de abril. O
número de emergência 911 da polícia americana toca e do outro lado da linha uma
voz ofegante apela por socorro: "Ajude-me. Sou Amanda Berry. Fui
sequestrada. Estou desaparecida há 10 anos. E estou aqui, livre agora". A
ligação marcava o fim da angústia de Amanda e outras duas jovens desaparecidas
há uma década nos Estados Unidos. As três foram encontradas com vida em uma
casa de Cleveland, no Estado americano de Ohio (nordeste do país), onde eram mantidas
em cativeiro.
Para conquistar a liberdade, as
jovens contaram com a ajuda de um vizinho e um momento de ausência do
sequestrador. Charles Ramsey diz que ouviu gritos e chutes na porta da casa ao
lado. Foi até lá. "Posso ajudar? O que está acontecendo?", perguntou.
"Fui sequestrada. Estive nesta casa há muito tempo. Quero sair
agora", respondeu Amanda. Ramsey ajudou a arrombar a porta para que a
jovem saísse do cativeiro. Amanda saiu carregando uma menina de seis anos no
colo. Ligou para a polícia da casa do vizinho. "Quando a polícia chegou,
ela disse que havia duas outras meninas dentro da casa", disse Ramsey à
imprensa local. A criança seria filha de Amanda, agora com 27 anos. Ela teria
engravidado do sequestrador. A polícia, entretanto, ainda não revelou a
identidade da menina.
Charles Ramsey, vizinho que ajudou a libertar três mulheres sequestradas em Cleveland, EUA (Foto: The Plain Dealer, Scott Shaw/AP) |
Amanda Berry foi vista pela
última vez em 2003, aos 16 anos, quando voltava do trabalho. Gina de Jesus
desapareceu, em 2004, aos 14, no caminho de volta da escola. Michelle Knight
tinha 19 anos quando foi sequestrada em 2002. Desde então, começou uma
investigação atrás do paradeiro das adolescentes. A polícia de Cleveland
admitiu que nos últimos anos atendeu dois chamados na casa utilizada como
cativeiro, em 2000 e 2004, mas nunca houve suspeitas de que as três jovens eram
mantidas no local.
Três homens foram presos, entre
eles um motorista de ônibus escolar, Ariel Castro, de 52 anos, principal
suspeito de planejar os sequestros e submeter as jovens a cárcere privado. Dois
irmãos de Castro, Oneil, de 50, e Pedro, de 54 anos, também foram detidos
suspeitos de envolvimento com o caso. A polícia diz que as mulheres estão bem
de saúde, apesar de terem sido levadas a um hospital. De acordo com o chefe da
polícia de Cleveland, Michael McGrath, foi graças às "corajosas
ações" de Amanda que as três jovens sobreviveram. "O pesadelo
acabou", disse Stephen D. Anthony, agente especial encarregado da divisão
de Cleveland do FBI.