O cantor Emílio Santiago interpretou sucessos como "Saigon" |
O corpo de Emílio Santiago chegou
às 14h na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, após o traslado sofrer atraso. O
caixão foi recebido com palmas, inclusive pelos fãs que aguardavam o início do
velório. A atriz Marília Pêra e os cantores Marcos Valle, Nana Caymmi, Zélia
Duncan e Elba Ramalho foram ao hall principal da Câmara para prestar as últimas
homenagens.
A emoção tomou conta do saguão
quando Alcione se aproximou do caixão. Chorando muito, a cantora teve que ser
amparada por amigos. O mesmo aconteceu com o secretário pessoal de Emílio,
Soca, que ajudou a segurar o caixão na chegada a Câmara.
Emílio não resistiu às
complicações do quadro clínico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico --
quando falta circulação de sangue no cérebro -- e morreu às 6h30 no Hospital
Samaritano, em Botafogo, na zona sul, onde estava internado na UTI (Unidade de
Terapia Intensiva) desde o dia 7 de março.
Trajetória
Nascido no Rio de Janeiro em 6 de
dezembro de 1946, Emílio Santiago era formado em Direito, mas o vício em ouvir
Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e João Gilberto em casa falou mais alto. Com o
incentivo de amigos, participou de festivais e concursos musicais, chegando a
se apresentar no programa "A Grande Chance", de Flávio Cavalcanti.
A voz marcante, que embalava de
baladas a sambas cheios de swing, conquistou críticos e fãs e o primeiro LP,
com seu nome, foi lançado em 1975, com canções de Ivan Lins, João Donato e
Nelson Cavaquinho.
O sucesso chegou ao cantor de vez
em 1988, ao lançar o disco "Aquarela Brasileira", primeira parte de
um projeto de sete volumes, dedicado exclusivamente à música brasileira. A
série de gravações ganhou uma versão ao vivo, "O Melhor das Aquarelas Ao
Vivo", em 2005.
O último disco de Emílio Santiago
foi "Só Danço Samba (Ao Vivo)", lançado em 2012, junto com um DVD. O
cantor estava com quatro shows programados para o mês de março: dia 13 em
Campinas (SP), dia 16 na quadra da Portela, no Rio, e nos dias 22 e 23 na
capital paulista. Sua última aparição ao vivo foi no programa "Encontro
com Fátima Bernardes", no dia 4 de março, onde cantou um de seus maiores
sucessos, "Saigon".
Um dos amigos mais próximos de
Emílio Santiago, o artista plástico Evandro Araújo Jr., de 57 anos, afirmou que
o cantor sofria de arritmia cardíaca e que nos últimos tempos não estava se cuidando
direito.
"Há mais ou menos dois anos,
ele descobriu uma arritmia cardíaca. Ele começou a cuidar disso, mas relaxou. A
partir daí, o que dizem é que foi a arritma que formou o AVC e levou ao
óbito", contou, durante velório na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na
Cinelândia.
Evandro ainda afirmou que na
noite de terça-feira (19) Emílio teve uma trombose. "Ele viajava muito,
relaxava. Não tomava remédio no horário certo. É complicada a vida de artista.
Ele teve uma trombose ontem à noite e essas coisas foram pegando",
explicou.
Amigos há 30 anos, Evandro
recordou histórias com Emílio. "Quando se perde um amigo, é desesperador,
enlouquecedor. E há 30 anos que somos amigos. Tínhamos o plano de envelhecer
juntos. Se um ficasse viajando, o outro cuidaria, para não ficar com manias. A
gente se sacaneava muito, debochávamos tudo com muito bom humor", conta.
"É um amor de amigo. É como
amor de tesão, fica para a vida toda", conclui Evandro.
Amiga próxima de Emílio Santiago,
Alcione afirmou nesta quarta-feira (20) que foi uma das últimas pessoas a falar
com o cantor.
Muito abatida e chorando, Alcione
foi ao Hospital Samaritano, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, assim
que soube da morte do amigo e relatou a última conversa em 7 de março, dia da
internação de Emílio na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
"Passei a mão no braço dele
e disse "Eu estou aqui". Ele respondeu: "Que bom, minha
irmã"", afirmou Alcione.
Emílio morreu às 6h30 desta
quarta-feira, aos 66 anos, devido à complicação no quadro clínico de AVC
(Acidente Vascular Cerebral) isquêmico - quando falta circulação de sangue no
cérebro.
"Como é que o Brasil vai
poder viver sem essa voz? Como é que eu vou poder viver sem meu amigo? Sempre
cantávamos juntos. Com certeza ele está com o senhor Luiz e a Dona Ercília,
seus pais que o amavam muito", afirmou a cantora.
"Ele deve estar muito bem.
Nunca fez mal a ninguém. Só cantou o amor e a beleza desse País. Agora vamos
nos conformar e rezar", pediu.
Mais tarde, no velório, ainda
emocionada, Alcione comentou: "Tenho horas que me sinto viúva do Emílio.
Um grande irmão e amigo. Perdemos uma voz. O Brasil ficou sem voz. Agora só
temos o Cauby."
"Era um homem forte"
Antes de ser internado, Emílio
Santiago estava bem e tinha apenas diverticulite, doença inflamatória do
intestino. "Tínhamos esperança de que ele se recuperasse. Há três anos ele
foi diagnosticado com diverticulite, mas era só. Ele era um homem forte, não
bebia, não fumava", afirmou a assessora e amiga do cantor, Eulália
Figueiredo.
Emocionado, o amigo do cantor,
Márcio Tadeu, afirmou que Emílio foi internado após ser encontrado caído em
casa. "Foi tudo de repente", disse.
"O diagnóstico foi um AVC isquêmico
e depois hemorrágico, as complicações foram se dando, foram mais de 10 dias de
internação. Aconteceram agravantes, preservamos (Emílio), mas não escondemos
nada", afirmou Tadeu.
Informações do UOL.