O desembargador do Tribunal de Justiça da Bahia, (TJ-BA),
Gesivaldo Britto, indeferiu o recurso de agravo interposto pelo Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) para suspender a decisão
liminar que declarou a ilegalidade da greve, decretada pela 5ª Vara da Fazenda
Pública, no último dia 13 de abril de abril. A decisão foi publicada no Diário
da Justiça nesta terça-feira (24). O magistrado manteve a decisão que determina
o retorno imediato dos professores da Rede Estadual de Ensino às salas de aula,
em greve desde o dia 11 deste mês. Na avaliação de Britto, a educação é serviço
essencial à comunidade e, portanto, o retorno dos educadores é de interesse
público. “A educação, embora não conste no rol dos serviços públicos elencados no
art. 10 da Lei nº 7.783/89, figura este como sendo serviço de natureza
essencial, na medida em que admitir a sua interrupção vai de encontro à
garantia constitucional do ensino público regular e coloca em risco a qualidade
da educação, podendo acarretar prejuízos irreparáveis ao interesse do Estado e
da sociedade”. “O direito à educação é”, continua o desembargador, “princípio
maior da República e se sobressai aos interesses individuais dos cidadãos,
estabelecendo-se como limitação às atividades reivindicatórias”. O juiz
determinou ainda que cessem as atividades grevistas, com pena de multa diária
no valor de R$ 50 mil caso a entidade descumpra a decisão.
Professores de costas para o Plenário
Centenas de profissionais de educação acompanham a sessão da
Assembleia Legislativa (AL-BA), na tarde desta terça-feira (24), que pretende
aprovar o reajuste dos professores, contestado pelo sindicato da categoria. O
presidente da APLB, Rui Oliveira, revelou ao Bahia Notícias que conseguiu
autorização com o chefe da Casa, Marcelo Nilo (PDT), para que os trabalhadores
e apoiadores da mobilização ocupem as galerias e dependências do prédio. “A
única coisa que queremos é que esse projeto seja retirado da pauta”, clamou
Oliveira. Apesar da licença, o clima segue tenso entre docentes e deputados. Se
na área externa da AL-BA, um carro ao som do cantor de reggae Edson Gomes anima
os manifestantes, no plenário um grupo de protestantes dá as costas e atrapalha
com risos e vaias o discurso do líder do governo, Zé Neto (PT), que atribui à
escassez orçamentária o motivo de o Estado não poder conceder o requerido
reajuste de 22,22% de forma integral.
Ameaça de invasão da ALBA
A Polícia Militar teve que ser acionada para conter os
ânimos exaltados dos profissionais de educação que lotam a Assembleia
Legislativa da Bahia nesta terça-feira (24). Autorizados a acompanhar a
votação, os integrantes e apoiadores do movimento encabeçado pela
APLB-Sindicato promoveram apitaço e ameaçaram invadir o plenário. Os
manifestantes tentam acessar o espaço reservado aos deputados pelo acesso
principal, bem como pelas sala de imprensa e do cafezinho. Em meio ao cerco dos
soldados, a categoria passou a entoar gritos de “a PM é nossa”, “você pagou com
traição quem sempre deu a mão” e “Zé Neto traidor, Marcelo Nilo traidor”. Nas
mãos dos manifestantes, fotos de todos os parlamentares que votaram a favor da
tramitação da matéria em urgência-urgentíssima. Pouco depois, o tumulto foi
dispersado.
Por Evilásio Júnior e José Marques. Fotos de
Tiago Melo do Bahia Notícias